Sem investigação, traficantes dormem em viatura
Polícias Civil e Federal não registraram ocorrências na noite passada por conta de convênio vencido
Sem decisão de quem vai investigar crimes de tráfico de drogas em Mato Grosso do Sul e com convênio vencido, presos com entorpecentes acabaram dormindo em viaturas da Polícia Militar entre a noite desta quarta e a madrugada de quinta-feira (10 e 11 de julho). Só na manhã de hoje, por decisão judicial, os militares conseguiram registrar as ocorrências nas delegacias.
A supervisora operacional da Polícia Militar, major Elka Ferraz Blanco, explicou que se estende impasse sobre a competência da investigação de crimes de tráfico de drogas. "Há impasse nas esferas estadual e federal sobre competência sobre qual instituição irá investigar. Por isso, existe um acordo de cooperação técnica entre Estado e União para que o estado atuasse", explicou.
Contudo, esse acordo venceu no mês de maio, não foi renovado e perdeu a vigência. Então, desde ontem, policiais civis não recebem as ocorrências de tráfico de drogas. "Ontem, em dois casos, os policiais militares foram orientados a levar os presos para a Polícia Federal. As duas guarnições foram até a sede da PF, mas o delegado de plantão se recusou se receber esse tipo de ocorrência, com alegação que seria competência da Polícia Civil", disse a major.
Em uma das viaturas, do Batalhão de Choque, havia dois presos e na outra da PM, um detido. "Não tem como liberar o preso. Acionei o promotor de plantão do Ministério Público, eles abriram um procedimento e entraram em contato com um juiz de plantão. Então, o juiz falou que iria resolver os casos na audiência de custódia hoje de manhã", explicou Elka.
Os presos passaram a noite nas viaturas, até às 8h desta quinta-feira (11), quando foram levados ao Fórum de Campo Grande. "Foi determinado que a Polícia Civil registrasse essas duas ocorrências hoje".
Contudo, a decisão judicial cabe para os dois casos citados e os policiais não tem um retorno diante de próximos flagrantes de tráfico de drogas. "É uma situação que abrange todo o Estado", finalizou Elka.
A reportagem entrou em contato com a Sejusp-MS (Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul), com a Polícia Federal e com a Polícia Civil. As instituições ficaram de enviar retorno sobre a situação. O espaço encontra-se aberto.
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