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Capital

Sem receber há 2 meses, moradores bloqueiam BR-262 pela segunda vez

Luana Rodrigues e Julia Kaifanny | 18/10/2016 09:16
Manifestantes estão com pneus, paus, pedras e até um sofá bloqueando rodovia. (Foto: Fernando Antunes)
Manifestantes estão com pneus, paus, pedras e até um sofá bloqueando rodovia. (Foto: Fernando Antunes)

Com pneus, paus, pedras e até um sofá, cerca de 40 trabalhadores, contratados para a construção das próprias casas na antiga favela Cidade de Deus, estão bloqueando parcialmente a BR–262, no anel viário, em frente ao aterro sanitário, na manhã desta terça-feira (18). Os manifestantes pedem o pagamento dos salários que deveriam ter recebido para a construção das moradias em sistema de mutirão, em quatro áreas da prefeitura.

Conforme os trabalhadores, eles estão há pelo menos 60 dias sem receber. “A situação está insustentável. Quem trabalha, precisa receber, ninguém trabalha porque gosta, é porque precisa dinheiro. Eu não sei mais o que fazer pra sustentar minha família”, Luciano de Oliveira Barbosa, 31 anos, um dos manifestantes.

A PRF (Polícia Rodoviária Federal) está no local, onde já se forma uma fila de caminhões, já que a pista está bloqueada nos dois sentidos, e os carros liberados apenas de 10 em 10 minutos.

Contrato – A Morhar Organização Social é a empresa responsável por fornecer o material necessário para a construção das casas que seriam erguidas, pelos próprios moradores dos loteamentos e também deveria fazer o pagamento dos trabalhadores. No entanto, a empresa nem sequer tem sede própria e sua diretoria nunca é encontrada.

Na manhã desta terça-feira (18), um representante da empresa, responsável pelas contratações dos trabalhadores, esteve no local tentando um acordo com eles, mas nada foi acertado.

Realocados – Desde março, 314 famílias que viviam na favela Cidade de Deus, próxima ao lixão de Campo Grande, vivem em três áreas nos bairros Vespasiano Martins, Canguru, Teruel e Bom Retiro, depois de uma decisão da Justiça.

Nos locais, foi implantado o programa "Mutirão Assistido", que consiste na construção de casas, onde a prefeitura banca 40% da construção e o morador pagará os 60% restantes parcelados junto ao valor do terreno.

Cada casa custa R$ 12 mil e o terreno onde as famílias foram instaladas R$ 24 mil. A Emha (Agência Municipal de Habitação) deve fazer a regularização das áreas e o valor poderá ser pago pelas famílias em 300 parcelas de R$ 120.

Em julho, o prefeito Alcides Bernal (PP) lançou algumas moradias sem forro, reboco e com as instalações hidráulicas aparentes. Esta é a realidade da maioria das “residências”.

Prefeitura - A reportagem entrou em contato no início da tarde para saber o posicionamento prefeitura da mesma diante das cobranças realizadas pelos moradores, já que a Morhar é responsável pelas obras em convênio com o Executivo.

Em resposta, a assessoria de comunicação informou que a prefeitura não possuiu nenhum vínculo empregatício com os trabalhadores que estão com os salários atrasados, já que o convênio foi firmado para a construção de 300 casas por meio do programa de mutirão assistido e o Município está em dia com os compromissos feitos com a entidade.

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