Semáforos são vistos como solução para resolver o “Deus nos acuda” em rotatórias
Reclamações vão de demora para conseguir tansitar por rotatórias a maior risco de acidentes
De pedestres a motoristas, reclamações sobre o trânsito em rotatórias sem semáforos têm sido recorrentes na Capital. Durante os horários de pico, o Campo Grande News foi em quatro endereços que são focos de críticas e, à reportagem, quem passou pelos locais indicou a instalação de semáforos como forma de resolver o “Deus nos acuda”.
Enfrentando a rotatória da Spipe Calarge com a Avenida Interlagos, às 6h40min, a secretária Bruna Souza, de 33 anos, explicou que é necessário ter coragem para seguir a rota de carro. “Ficamos muito tempo parados para conseguir passar pela rotatória. Eu nunca sofri acidentes, mas já presenciei vários”, disse.
Apontando endereços que possuem semáforos, como a rotatória da Coca-Cola, Bruna explica que se sentiria mais segura na da Spipe Calarge, caso ali também recebesse a sinalização. “Aqui, você enfia a cara e tenta passar ou fica muito tempo esperando. Eu super apoio os semáforos, porque sem é muito perigoso”.
No mesmo sentido, o motorista Célio Gadeia Marinho, de 49 anos, relatou que a falta de semáforos é acompanhada pela dificuldade em acompanhar o fluxo de veículos. “Nos lugares que não tinham semáforo e colocaram depois era um Deus nos acuda. Um sufoco para passar. Tem que fazer a mesma coisa aqui”, relata.
Já pela perspectiva da ciclista Glaucilene Rodrigues dos Santos, de 29 anos, o movimento de veículos fica ainda mais assustador. “Às vezes, eu fico 15 minutos para conseguir passar. Acho que com semáforo ainda tem risco, mas é menor”.
Tem motorista que não respeita a preferência da rotatória, então, fica um caos. Eu já quase fui atropelada por carro, um motorista te deixa passar enquanto o outro não. Não dá para confiar", Glaucilene diz.
Veja o vídeo da movimentação:
Monte Castelo e São Francisco - Com duas rotatórias próximas, os bairros Monte Castelo e São Francisco também são alvos de reclamação pela falta de semáforos para amenizar o trânsito.
Morador do Bairro Monte Castelo, o advogado Thiago Noronha Benito, de 45 anos, lembra que há quase um mês, um Volkswagen Gol capotou na rotatória da Avenida Rachid Neder com a Rua 14 de Julho.
O fluxo é muito grande em horário de pico, moro aqui na região há três anos e é complicado. Acidente acontece direto", Thiago explica.
Após o acidente na rotatória durante o dia cinco de setembro, um dos motoristas relatou à reportagem que a colisão foi causada por desrespeito à preferencial.
Sobre a rotatória da Ernesto Geisel com Euler de Azevedo, Elaine Cristina dos Santos, de 38 anos, explicou que a rotatória da Ernesto Geisel com Euler de Azevedo sofre com o mesmo problema por não ter semáforos.
“O trânsito aqui é péssimo, tem dias que eu levo dez minutos tentando atravessar a rua na faixa de pedestres. Isso quando os motoristas não param em cima dela”, Elaine disse.
Jardim São Bento - Experimentando a demora causada pelo trânsito na Rua dos Vendas com Avenida Rodolfo José Pinho, a reportagem cronometrou a demora para conseguir avançar 460 metros para chegar até a rotatória. De carro, a equipe chegou à Rua dos Vendas, esquina com Rua Cambuci, às 17h40min e demorou 3min47s para alcançar a rotatória.
Conforme o horário se aproximava das 18h, a quantidade de veículos que seguiam no mesmo sentido aumentou. Já quem segue pela Avenida Rodolfo José Pinho ou Rua Luiz Dodero não sofre tanto com a intensidade do trânsito, que fica concentrado na Rua dos Vendas.
Exceto motociclistas que se arriscam para “entrar” na rotatória, os carros costumam permanecer na fila até que a preferencial, que é da Rodolfo José Pinho, seja liberada.
Confira vídeo dos veículos em fila:
Cidade toda - Em enquete realizada pelo Campo Grande News, 75% dos leitores disseram que as rotatórias da Capital funcionariam melhor com semáforos. Apoiando a inserção do controle de fluxo, Rodrigo Matiazzi Risso disse que os semáforos ajudam, mas gostaria que não fossem necessários.
"Onde não tem, bastaria entrar devagar nas rotatórias que dava fluxo para todos. Sempre tem um apressado ou um motociclista que não deixa o outro entrar", explica. Também concordando com a inserção dos semáforos, Eder Correa Júnior diz que há práticas incorretas no trânsito, "a maioria dos motoristas não sabe se comportar em rotatória. Aí, tem que apelar para semáforo".
Oferecendo outra opção, Flávio Nantes disse que o ideal seria a construção de viadutos como alternativa. Já Renata Isadora Bessa relatou que não vê solução para o trânsito campo-grandense, "vem na [rotatória] da Coca para ver se funciona [semáforo]. O povo sai fechando tudo, sai da faixa do meio para a outra e ainda fecha de novo".
Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Campo Grande, através da Agetran (Agência Municipal de Trânsito), não retornou o contato para responder se há algum projeto de instalação de sinalização semafórica nas rotatórias da cidade ou adoção de outras medidas com a finalidade de desafogar o tráfego nesses locais.