Sindicato aceita corte de plantões, mas quer reforço em caso de epidemia
A redução nos plantões da enfermagem nas UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) e postos de saúde 24 horas, prevista para abril, vai resultar em menos profissionais nas unidades e menor remuneração, contudo, o Sindicato dos Trabalhadores de Enfermagem de Campo Grande descarta greve e considera vitória se o decreto da prefeitura, pelo menos, trouxer a possibilidade de reforçar a equipe de plantonistas em casos de epidemia.
De acordo com o presidente do sindicato, Hederson Fritz, a aposta ainda é dialogar com a administração municipal. “Acredito que o decreto saia antes do feriado. E vai ter a possibilidade de, caso surja uma epidemia de dengue, de H1N1, de readequar a [escala] conforme a necessidade do usuário”, afirma.
A redução de 14 para dez plantões vai diminuir o número de profissionais para atender os pacientes. Segundo ele, na UPA Vila Almeida são 18 técnicos de enfermagem no plantão de 12 horas, no novo modelo, serão 16 técnicos. “O corte de plantões significa corte nos postos de serviços”, afirma.
Ou seja, o profissional da sala de inalação pode ser chamado apara ajudar a dar conta da demanda no pré-atendimento, fazendo com que a espera seja maior para quem busca o serviço de inalação. Conforme Fritz, o quadro de enfermeiros por plantão, que atualmente são cinco, também deve ter redução.
Remuneração – Segundo o presidente do sindicato, a mudança dos plantões não se enquadra em redução salarial, o que é proibido pela lei. O plantão, apesar de há 14 anos ser agregado ao salário, inclusive para liberação de empréstimo consignado, é uma remuneração a parte. “Quem determina o plantão é a necessidade da gestão e não entra como salário”, diz.
Porém, para quem já se habituou a mais trabalho para maior remuneração, o impacto financeiro é grande. O salário base para técnico de enfermagem é de R$ 1.250. Com os 14 plantões à noite, fim de semana e feriados, a remuneração bruta chega a R$ 4.470. Se o limite for 10 plantões, o valor cai para R$ 3.550. As projeções foram feiras pelo sindicato.
Não me representa - O Sindicato dos Trabalhadores de Enfermagem de Campo Grande foi criado no fim de 2014 por discordar da postura do Sisem (Sindicato dos Funcionários e Servidores Municipais), que não representaria os interesses da categoria. Conforme Fritz, o sindicato foi registrado e, como não tem carta sindical, negocia por meio da Comissão de Saúde da Câmara Municipal. A categoria fará assembleia hoje à noite, mas a proposta a ser discutida não foi divulgada para a imprensa.
Presidente do Sisem, Marcos Tabosa afirma que o novo sindicato assumiu a negociação. “Poder não pode. Mas se um grupo acha que o sindicato não tem a importância devida, posso fazer o que? Ninguém é criancinha”, diz.
O Sisem avalia que o corte nos plantões pode contribuir para melhorar a qualidade de vida dos servidores. “Quatorze, quinze, dezesseis plantões é muito pesado. O sindicato pediu que a prefeitura não mexesse no plantão dos administrativos da Secretaria Municipal de Saúde”, afirma Tabosa. Também foi solicitado que o Executivo reduza o número de comissionados.
A prefeitura informa que pretende readequar plantões para obter economia de R$ 5 milhões. De acordo com a Semad (Secretaria Municipal de Administração), os ajustes ocorrem para assegurar saúde financeira no segundo semestre, sem comprometer a folha de pagamento.