ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
JULHO, QUARTA  03    CAMPO GRANDE 31º

Capital

"Só ultrapassei e acharam ruim", diz filho de mulher baleada com bebê no colo

Vítima é socorrista do Samu e está internada em estado grave na Santa Casa

Por Dayene Paz | 10/06/2024 11:29
Trecho da Rua da Península, onde fica unidade de saúde que socorreu a vítima. (Foto: Marcos Maluf)
Trecho da Rua da Península, onde fica unidade de saúde que socorreu a vítima. (Foto: Marcos Maluf)

"Vi que estavam fazendo confusão, não sabia se era racha ou bagunça. Eu só ultrapassei, consegui me desvencilhar e eles acharam ruim", explicou o motorista sobre os momentos antes do tiro que acertou a mãe dele, de 60 anos, uma socorrista do Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), na noite deste domingo (9), em Campo Grande. A mulher estava dentro do carro do filho segurando o neto de 5 meses quando foi ferida.

O filho, que dirigia o carro, acompanha apreensivo notícias da mãe na Santa Casa. Ela está em estado grave. "Não dormi, não comi, ainda estou em choque", disse o rapaz ao conversar por telefone com a reportagem do Campo Grande News. O entregador, de 33 anos, contou como se deram os fatos na noite de ontem.

Ele relata que seguia no veículo Renault Sandero a caminho de casa com a família. Ocupavam o carro a mãe dele, a esposa e os quatro filhos, o bebê de 4 meses e os irmãos de 2, 4 e 6 anos. No trajeto, o entregador já havia notado que dois veículos estavam fazendo confusão na rua.

Antes no semáforo do Coophavila, ele [autor do tiro] já tinha engatilhado a pistola, já tinha mostrado que estava armado, mas até então eu achei que era bobagem", lembra. "Porque antes de mim, os dois fecharam um motociclista ainda. O cara teve que frear e quase bati nele também. Como eu vi que estavam fazendo confusão, eu simplesmente saí dali".

O motorista continuou o trajeto e neste momento, a mãe dele já segurava o bebê que estava chorando. "Depois disso, a gente achou que estava tudo bem", conta.

No entanto, o motorista do veículo Audi bateu propositalmente no Sandero, que aguardava para cruzar a Avenida Gunter Hans. Na sequência, ocupantes dos dois veículos que aparentemente faziam racha, o Audi e um Astra, desembarcaram e foram até o carro da família.

Segundo o entregador, nem houve discussão. O motorista do Astra desferiu um tapa no peito dele, o chamando de folgado. Já o homem que dirigia o Audi sacou de uma pistola e apontou em direção à vítima. "Ele foi para atirar na minha cabeça, eu me desvencilhei e acabou acertando minha mãe", lembra. "As crianças gritaram, estão traumatizadas".

O rapaz correu com a mãe para a unidade de saúde, enquanto os autores fugiram do local. "Fui no posto do Coophavila e ela foi socorrida muito rápido. Se manteve calma, consciente e orientada", descreve. Na sequência, a esposa seguiu para casa com os filhos. "E eu entrei no carro para tentar a placa de um dos carros. Assim que manobrei, uma viatura do 10º Batalhão da Polícia Militar estava passando".

Mesmo apreensivo com a gravidade do quadro de saúde da mãe, o entregador afirma que ela salvou a vida do filho. "Na verdade era para ter atingido meu filho, ele ia matar o meu filho. Deus colocou a mão nessa situação, porque uma criança de quatro meses não ia resistir a um ferimento de bala de 9 mm", lamenta.

Velhos conhecidos - Após tomar conhecimento sobre quais eram os veículos envolvidos no racha e no disparo contra a socorrista do Samu, a Polícia Militar constatou que os carros tinham as mesmas características dos que estão envolvidos em situações criminais em datas anteriores, inclusive ocorrências de violência doméstica e arma de fogo.

Como ambos veículos já foram vistos no Bairro Bela Laguna, a PM passou a fazer diligência pela região, quando abordou um carro. Uma mulher foi questionada e afirmou que estava no Astra no momento do tiro, revelando o endereço do atirador. Contudo, não revelou o paradeiro do Astra.

Os militares foram até o endereço informado e entraram em contato com a família do suspeito, identificado como Rafael Conceição dos Santos. A família disse que Rafael se apresentará à polícia. O veículo Audi e a pistola não foram localizados.

O delegado de plantão e peritos foram até a Rua da Península, onde recolheram a cápsula deflagrada de calibre 9 milímetros em cima do banco do motorista do Sandero. Também foram vistas manchas de sangue no banco traseiro.

A mãe do entregador é técnica de Enfermagem e atua no Samu há mais de 20 anos. Já participou de diversos partos e no socorro de dezenas de pessoas. Em maio do ano passado, teve graves ferimentos em um acidente com a ambulância que ela ocupava. A equipe seguia para um socorro, quando colidiu com um Volkswagen Gol conduzido por Edson dos Santos de Almeida, de 24 anos, que morreu no local.

Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.

Nos siga no Google Notícias