“Surto” de vazamentos causados por combustível contaminado assusta pilotos
Relatos sobre suspeitas de vazamentos já circulam nos hangares dos aeródromos de Campo Grande
Áudios, vídeos e fotos se espalham nas redes sociais com relatos recentes de “surto” de panes e vazamentos de combustível em aviões de pequeno porte. O problema já levou a Aopa Brasil (Associação de Pilotos e Proprietários de Aeronaves) a notificar e se reunir com a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), ontem (10).
A recomendação da associação é de suspender as operações caso sejam constatados indícios de vazamento do chamado “avgas”, combustível usado em aeronaves com motor a pistão.
Em Campo Grande, pilotos estão temerosos em levantar voo. Informações sobre suspeitas de vazamentos já circulam nos hangares dos aeródromos Santa Maria e Teruel, onde operam as aeronaves de menor porte.
O avgas usado na aviação civil brasileira é importado, diferente do querosene, voltado para aviões de grande porte e fabricado no País.
A ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis) informou que iniciou coleta de amostras e informações em campo para mapear o problema. Por sua vez, a Aopa se comprometeu a repassar um primeiro relatório de evidências para ANP e Anac, na segunda-feira (13).
Os primeiros vídeos e fotos registrados apontam que o combustível supostamente contaminado corrói anéis o’ring, feitos de borracha e responsáveis pela vedação de partes do motor. Com o rompimento, o avgas se espalha e vaza por diversos compartimentos da aeronave.
Recomendações - Na quinta (9), a Anac emitiu um BEA (Boletim Especial de Aeronavegabilidade) para informar sobre os riscos de operar com combustível contaminado. O documento, porém, tem caráter apenas recomendatório.
No BEA, a Anac informa que “a operação com combustível contaminado ou adulterado pode provocar a degradação acelerada de componentes do sistema de armazenamento e distribuição de combustível”.
A agência relatou ainda não ter, até a data, “informações fáticas” para confirmar a contaminação,”tampouco [...] que tenha agido como fator contribuinte em alguma ocorrência recente”.
O boletim recomenda que proprietários de aeronaves afetadas e pilotos façam, antes de cada voo, inspeção visual dos componentes do sistema de combustível para diagnosticar degradação ou vazamentos, e inspecionar indícios de ressecamento nos componentes de borracha.