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Tatuador encontra filho levado há 2 anos por mãe acusada de assassinato

Luana Rodrigues e Anahi Zurutuza | 22/11/2016 14:02
Adham segurando a foto do filho e Ayslane, filha de José Antunes Rodrigues de Oliveira, que teria sido assassinado pela mãe do garoto (Foto: Marcos Ermínio)
Adham segurando a foto do filho e Ayslane, filha de José Antunes Rodrigues de Oliveira, que teria sido assassinado pela mãe do garoto (Foto: Marcos Ermínio)

Depois de dois anos sem notícias do filho, Adham Wahab, finalmente conseguiu falar com Nicolas, agora com 13 anos, na manhã desta terça-feira (22). Policiais do Espírito Santo prenderam Emory Luiza Rodrigues Ramos, 34 anos, mãe do garoto e acusada de ter assassinado José Antunes Rodrigues de Oliveira, 57 anos, em 2014, e depois ter fugido com o filho do tatuador de Campo Grande.

A mulher foi presa, escondida com Nicolas e os outros dois filhos, em Itaúnas, distrito de Conceição da Barra, no Espírito Santo - distante 1800 quilômetros da Capital de Mato Grosso do Sul.

Depois de lançar campanha nas redes sociais para encontrar o filho, o caso do tatuador ganhou repercussão na imprensa – local e nacional – e foi tema de matéria do Campo Grande News sábado (19).

Desde então, Adham tem recebido várias ligações com informações sobre o paradeiro da ex-mulher e do filho. “Nós repassamos as informações para a polícia, com cópia do mandado de prisão contra ela e eles foram atrás”, contou.

A confirmação de Emory realmente estava no distrito chegou para Adham nesta segunda-feira (22), no entanto, o posto policial mais próximo de Itaúnas ficava a 30 km, e a localização da mulher precisou ser mantida em sigilo até que a polícia chegasse ao local. 

Adham disse que só conseguiu falar com o filho na manhã de hoje. “Ele estava um pouco assustado, falei que estava com saudade, mas ele ainda não sabe de nada sobre a mãe”, explicou.

O tatuador já está preparando as malas para buscar o filho e o trazer de volta a Campo Grande. Já Emory deve permanecer presa no Espirito Santo até próxima decisão da Justiça. 

O crime – O corpo de José Antunes foi encontrado carbonizado no dia 22 de maio de 2014, mas segundo a polícia da Bahia, tudo aconteceu no dia anterior.

A vítima foi morta a pancadas e, segundo laudo necroscópico, também levou golpes de objeto perfuro-cortante. Conforme a acusação, Emory e o namorado dela, Geraldo Carvalho Carneiro Neto, 30 anos, mataram José para que pudessem ficar com uma certa quantia em dinheiro que pertencia ao tio dela.

O casal usou um cobertor com estampa infantil que pertencia a um dos filhos de Emory para levar o cadáver até uma estrada vicinal que liga Arraial D’ajuda a Trancoso, onde os dois atearam fogo, usando quatro litros de combustível.

José estava na casa da sobrinha em Arraial, distrito de Porto Seguro (BA), fazia pouco tempo. Ele teve problemas com a Justiça em Mato Grosso do Sul e por isso havia se mudado para lá.

“Meu pai já tinha ligado para a gente, contou que a Emory estava usando drogas, na frente das crianças inclusive, e disse que ia voltar, que não estava dando mais para conviver. Mas, depois disso, perdemos o contato”, conta Ayslane Oliveira, 30 anos, filha do homem assassinado.

A fuga – Sem conseguir falar com a vítima e com a acusada de assassinato, antes do desenrolar da investigação policial, a mãe de Emory, irmã de José, foi para a Bahia para buscar a filha.

“Minha tia disse que meu pai tinha ido embora, nós pedimos para ela registrar um boletim de ocorrência de desaparecimento e ela fez. Depois, ela ligou dizendo que havia alguma coisa estranha acontecendo e pediu dinheiro para contratar um detetive. A gente mandou e foi com esse dinheiro que ela ajudou a filha [Emory] fugir”, continua Ayslane.

Neto confessou o crime e está preso no Conjunto Penal de Eunápolis (BA). Já Emory desapareceu com os três filhos – Nicolas, que hoje tem 13 anos, Luna, que a família estima ter 8 anos, e Rodrigo, 4.

A família também não tem mais contato com a mãe de Emory.

Adham e o filho, quando bebê (Foto: Arquivo pessoal)
Adham e o filho, quando bebê (Foto: Arquivo pessoal)

Último contato – Adham foi casado por três anos com Emory, quando ela ainda morava em Campo Grande. Ele conta que o relacionamento era conturbado. Depois da separação, ela desapareceu com o filho do casal, que tinha 2 anos, por 11 meses. “Foi quando eu descobri que ela estava na Bahia”, lembra o tatuador.

Adham chegou a pedir a guarda do menino, mas os dois conversaram e decidiram que era melhor a criança fica com mãe.

Em 2013, Emory voltou para a Capital para terminar a faculdade de Direito na UCDB (Universidade Católica Dom Bosco), mas ela decidiu retornar à Bahia e esta foi a segunda vez que o pai tentou ficar com o filho, mas a mãe não permitiu. “Eu sempre falava com ele, o visitava pelo menos uma vez no ano. Mas, era complicado”.

O último contado de Adham com o filho foi em 2014 mesmo, pouco antes do crime. “Ele me ligou chorando, pedindo para vir morar comigo. Ela pegou o telefone e desligou. Depois disso, só falei com ela no dia que [em fuga] me pediu dinheiro e nunca mais”.

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