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Capital

Temporal destelha barracos e torna vida mais precária em favela

"Agora, é torcer para não chover mais", diz moradora à espera de casa

Aline dos Santos e Renata Volpe Haddad | 15/04/2017 17:25
Vento destelhou barraco onde Amanda mora com mais sete familiares. (Foto: André Bittar)
Vento destelhou barraco onde Amanda mora com mais sete familiares. (Foto: André Bittar)

A chuva forte tornou mais precária a vida de moradores do José Teruel, bairro que recebeu egressos da favela Cidade de Deus. Neste sábado, 15 de abril, completou um ano da remoção da favela perto do lixão, na saída para Sidrolândia, em Campo Grande.

Como as casas ainda se resumem a paredes de tijolo com porta, mas sem telhado, as pessoas moram em barracos. Hoje, quatro famílias viram o vento levar a cobertura. Amanda Aparecida Freitas de Oliveira, 15 anos, conta que o barraco destelhou.

“Molhou tudo. Roupas, cama”, diz. Na hora da chuva, somente seu irmão mais velho estava no local. “As telhas destroçaram e ele ainda tentou salvar alguma coisa”, afirma.

A dona de casa Thaynara da Silva Pires, 17 anos, teve o barraco alagado. “A água vem da rua e inundou tudo. A gente fica na expectativa da Emha fazer a casa. Agora, é torcer para não chover mais”, diz Thaynara. De alagamento em alagamento, ela perdeu o guarda-roupa.

Na tentativa de ter logo uma casa, o prestador de serviço Fabiano dos Santos, 35 anos, gastou o salário para comprar telhas e fazer a cobertura do imóvel inacabado. Hoje, uma telha pequena quebrou. “Tenho medo de ventar e eu perder todas as minhas telhas”, afirma. Ele gastou R$ 937, mas não teve dinheiro para comprar oito capas e fixar o telhado. “Cada uma custa R$ 37”, conta.

Segundo o presidente da associação de moradores do bairro José Teruel, Roni Leão, são pelo menos quatro barracos destelhados. “A gente não foi ainda para o lado de cima, que tem mais barracos. Só amanhã mesmo”. Ele reclama que acionou a Defesa Civil, mas ninguém apareceu.

De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), cuja estação fica na saída para Aquidauana, a rajada de vento chegou a 44,6 6 km/h.

A favela Cidade de Deus foi removida para quatro pontos da cidade: José Teruel, Bom Retiro, Vespasiano Martins e Canguru.

A Emha (Agência Municipal de Habitação) faz levantamento de custos para construção de todos os imóveis e o valor deve ser custeado pelo governo do Estado, por meio de parceria com o município. Os moradores passarão por curso de qualificação e serão contratados por intermédio da Funsat e Proinc (Programa de Inclusão Profissional).

Barraco foi alagado durante chuva forte. (Foto: André Bittar)
Barraco foi alagado durante chuva forte. (Foto: André Bittar)
Infância na favela: Criança em meio a barraco alagado. (Foto: André Bittar)
Infância na favela: Criança em meio a barraco alagado. (Foto: André Bittar)
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