“Terra sem lei”: Fila dupla em escolas une endinheirados e falta de educação
Sem fiscalização, condutores ficam a salvo da punição com multa e pontos na CNH
A rotineira fila dupla na porta das escolas particulares mostra um quadro formado por pais endinheirados (que dispõe de R$ 2 mil para custear mensalidade), falta de educação, risco aos alunos, confusão no trânsito e a total ausência de fiscalização.
A cena foi registrada no fim da manhã de hoje pela equipe do Campo Grande News, no Jardim dos Estados, mas também poderia ser na escola mais perto de você.
A Capital tem quatro órgãos autorizados para atuar no trânsito. Porém, não havia nenhuma fiscalização na Rua Goiás, nesta quinta-feira (dia 5). Portanto, todos condutores que descumpriram o CTB (Código de Trânsito Brasileiro) e insistiram na fila dupla, ficaram a salvo da multa de R$ 195,23 e cinco pontos na CNH (Carteira Nacional de Habilitação).
Na Rua Manoel Inácio de Souza, perto da Goiás, se formou uma fila de veículos ao lado dos carros estacionados regularmente. O vale-tudo também não poupou a rampa para cadeirantes. Em vinte minutos, o acesso foi bloqueado de forma sequencial por três veículos: uma caminhonete Hilux, um Honda Civic e um Audi.
A chefe do setor de Educação para o Trânsito da Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), Ivanise Rotta, destaca a gravidade da fila dupla.
“Quem tem CNH não pode parar em fila dupla. A orientação é dada, a gente trabalha a questão da fila dupla desde 2004. É a mesma coisa que a pessoa avançar o sinal vermelho, usar o celular, abusar da velocidade, dirigir embriagado. Tudo faz parte das regras de trânsito, que devem ser cumpridas”, diz Ivanise.
Além da fila dupla, o CTB também proíbe outros “jeitinhos”, como estacionar na frente de garagem, na calçada, na faixa de pedestre, na parada de ônibus. “Ele só pode parar no local indicado. Não custa você estacionar o carro, pegar na mão da criança e andar com ela”, reforça Ivanise sobre as regras de trânsito.
A campanha educativa da Agetran nas escolas será retomada na próxima terça-feira (dia 10). A reportagem solicitou informações à agência sobre as ações de fiscalização, que efetivamente multam quem descumpre as regras de trânsito, mas não recebeu resposta até a publicação da matéria.
O Campo Grande News ainda solicitou informações aos outros três órgãos autorizados para atuarem no trânsito da Capital. A Guarda Civil Metropolitana detalha que acompanhou a volta às aulas presenciais na rede pública, porém, a fiscalização acontece somente nos colégios municipais.
Nesta primeira etapa, o trabalho é educativo, portanto sem aplicação de multa para punir o condutor infrator. A Guarda não divulga o efetivo envolvido na operação “Escola Segura”, por conta de planejamento estratégico.
A ação utiliza três drones para fiscalizar o entorno das escolas municipais. São verificados crimes de trânsito, tráfico de drogas e também aglomerações, preocupação adicional nestes tempos de pandemia.
Apenas nove multas - O BPMTran (Batalhão de Polícia Militar de Trânsito) informa que, atualmente, não dispõe de policiamento no entorno das escolas.
A fiscalização foi suspensa no período em que a maioria dos estudantes estava no ensino remoto e só deve retornar no mês de setembro. Neste ano, por exemplo, o batalhão aplicou apenas nove multas por fila dupla.
De acordo com a subcomandante do BPMTran, major Denise Higa, o trabalho no entorno dos colégios terá apoio de drone. “O drone já está totalmente regulamentado para esse tipo de fiscalização”, afirma.
O Detran (Departamento Estadual de Trânsito) informou que o questionamento sobre fiscalização e multas por fila dupla deveria ser direcionado para a Agetran.
