Teto despenca, fecha Centro Cirúrgico e operações são canceladas no HU
Os problemas estruturais e de superlotação no PAM (Pronto Atendimento Médico) do Hospital Universitário já se tornaram rotina para médicos e pacientes que precisam de tratamento. Porém, a deficiência parece cada vez mais séria e agora o centro cirúrgico geral, a UTI neonatal e o centro cirúrgico da maternidade estão interditados.
Na quarta-feira passada, infiltração no teto impossibilitou todas as cirurgias na unidade. A UTI neonatal e a intermediária também tiveram de ser fechadas por conta dos problemas estruturais, apesar de recentemente ter passado por uma reforma ao custo de R$ 35 milhões.
A UTI possui leitos para oito bebês que são transferidos para o local após complicações durante o parto. Todos tiveram de ser transferidos para a enfermagem da maternidade. O cenário na sala é de infiltrações no teto com algumas partes já no chão, goteiras e poças.
A situação da ala da maternidade, referência no Estado em partos de risco, se agravou neste domingo (30) quando parte do teto do centro cirúrgico onde os partos são realizados cedeu e o local também teve que ser interditado. Uma outra sala ao lado também possui os equipamentos para partos, mas as infiltrações no teto fazem com que os médicos evitem usar o local a todo custo.
Uma médica que não quis se identificar disse ao Campo Grande News que na última quarta-feira o centro cirúrgico estava apenas com goteiras e quatro dias depois o teto cedeu. “Agora só temos essa outra sala onde o teto pode cair a qualquer momento. Eu só vou usar esse local se for uma grávida de muito risco porque entre ela morrer esperando e uma infecção hospitalar, eu prefiro tratar a infecção”, afirma a médica.
Com a interdição das UTIs e do centro cirúrgico da maternidade, macas eletrônicas e equipamentos de raio-x foram colocados no corredor. A médica afirma que tudo foi retirado às pressas quando as goteiras surgiram.
Um documento afixado em um dos murais da maternidade e assinado pela pediatra infectologista Ana Lúcia Lyrio na última quinta-feira (27), atesta as faltas de condições da unidade que realiza 100 partos por mês.
O ofício foi encaminhado ao Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência), Corpo de Bombeiros e à Central de Vagas para que nenhuma gestante seja encaminhada ao hospital. O texto afirma que as chuvas causaram infiltrações no teto no Centro Obstétrico e que nenhum paciente pode tratado no local.
Conforme informações da diretoria repassadas aos médicos, equipes de engenharia trabalharam durante o fim de semana, mas até agora tanto a ala da maternidade quando o centro cirúrgico geral não foram liberados.
O HU Maria Aparecida Pedrossian foi construído entre os anos 1970 e 1971, como suporte ao curso de Medicina da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul). O hospital é referência para atendimento de alta complexidade no tratamento de HIV, cirurgia cardiovascular, hemodiálise, neurologia, gestação de alto risco e urologia.