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Capital

Usuário madruga e ainda enfrenta fila por 3 horas no posto da Coophavila II

Aliny Mary Dias | 30/09/2013 09:17
Fila começa a se formar ainda na madrugada e indigna quem busca atendimento na UBS (Foto: Simão Nogueira)
Fila começa a se formar ainda na madrugada e indigna quem busca atendimento na UBS (Foto: Simão Nogueira)

Acordar de madrugada e ficar pelo menos três horas em pé na fila que vira a esquina, essa é a rotina de usuários do SUS (Sistema Único de Saúde) que buscam atendimento na UBS (Unidade Básica de Saúde) do bairro Coophavila II, na saída para Sidrolândia, em Campo Grande.

Por volta das 6h30 desta segunda-feira (30), mais de 100 pessoas enfileiradas aguardavam uma senha para marcar consulta ou exames. Aqueles que conquistam os primeiros lugares da fila precisam madrugar e até deixar de lado uma noite de sono para garantir o atendimento.

Alguns chegaram no local 3 horas da manhã, mas os moradores garantem que há dias que pessoas passam a noite em claro na fila. A aglomeração que chama a atenção de quem passa pelo local se forma duas vezes por semana, as segundas e quintas-feiras, dias de marcação de consultas e exames. Segundo os usuários, nas segundas-feiras a aglomeração é maior. 

Rayane Dama, 24 anos, é mãe de uma menina de três meses e demonstra a indignação de ter que sair de casa às 3h30 para marcar uma consulta para a filha. “Eu me sinto humilhada, além de ter que ficar mais de três horas aqui, a gente fica em pé sem proteção nenhuma”, conta a jovem.

Rayane acordou cedo e espera atendimento para a filha de três meses (Foto: Simão Nogueira)
Rayane acordou cedo e espera atendimento para a filha de três meses (Foto: Simão Nogueira)

A fila ao relento é o motivo da maioria das reclamações. Para a aposentada de 70 anos, Ana Maria Cesar, a situação é revoltante. “Eu acho que deveria melhorar, eu tenho 70 anos e preciso ficar quase 4 horas em pé. O pior é que tem dia que a gente volta pra casa porque a senha acaba”, desabafa.

Além dos aposentados e mães com filhos pequenos, na fila também há aqueles que precisam ir ao trabalho após a espera que parece não ter fim. “Eu acordei 4 horas da manhã, estou mais de duas horas em pé e depois ainda vou trabalhar. Essa é a vida do brasileiro”, conta Gilson Joaquim, 43 anos.

A distribuição das senhas começa por volta das 7 horas da manhã, mas as portas da UBS abrem antes, já que por volta das 6 horas tem início a coleta de sangue e entrega de exames laboratoriais.

Aposentada saiu de casa às 4 horas da manhã (Foto: Simão Nogueira)
Aposentada saiu de casa às 4 horas da manhã (Foto: Simão Nogueira)

O número de senhas diárias varia de acordo com a especialidade. Em média, de 40 a 80 fichas são entregues aos usuários. Além de clínico geral, os médicos à disposição da população são pediatras, ginecologistas, odontologistas e ortopedistas.

Uma alternativa iniciada no fim do ano passado pela Prefeitura é a marcação das consultas por telefone. Na teoria, o Gisa (Gestão Informação da Saúde) está à disposição da população por meio do telefone 162, mas os usuários garantem que o sistema não funciona.

“A gente liga, mas nunca atendem. Eu já desisti de tentar marcar pelo telefone, a gente tem que se contentar em passar tanto tempo nessa fila”, explica a dona de casa Luzinalva Assunção, 51 anos.

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