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Capital

Vereador fala sobre filho gay e emociona dentista que foi vítima de homofobia

Se dirigindo a Gustavo, vereador Beto Avelar falou sobre o filho e a preocupação diária: "vivo isso na carne"

Silvia Frias | 24/08/2021 11:41
Gustavo de mãos dadas com advogada Janaina Meneses (verde) e a mãe, Tânia Mara (dir). (Foto: Reprodução)
Gustavo de mãos dadas com advogada Janaina Meneses (verde) e a mãe, Tânia Mara (dir). (Foto: Reprodução)

A “palavra livre” na Câmara Municipal de Campo Grande, momento em que os vereadores se manifestam sobre vários temas, foi dedicada a dar apoio ao cirurgião dentista Gustavo Lima, 27 anos, vítima de homofobia em episódio ocorrido no drive-thru do Albano Franco, no último sábado (21).

Bastante emocionado, Gustavo acompanhou os discursos e chorou, especialmente, quando o vereador Beto Avelar (PSD) falou sobre o filho homossexual. “Só quem passa por isso, todo dia, de você ter preocupação do seu filho sair para o trabalho, essas maldades do mundo, é maldade do coração das pessoas; me solidarizo com essa fala, vivo isso na carne”. (Veja o vídeo no fim da reportagem).

Gustavo e a mãe, a professora aposentada Tânia Mara dos Santos Lima, 55 anos, foram à Câmara Municipal a convite do vereador Valdir Gomes (PSD) e receberam apoio dos vereadores.

Gustavo chorou durante a sessão na Câmara. (Foto: Reprodução)
Gustavo chorou durante a sessão na Câmara. (Foto: Reprodução)

No discurso, Valdir Gomes criticou a atitude da mulher, que recusou atendimento do dentista, dizendo que não queria que a filha fosse imunizado por “este tipo de gente, um viado”, no último sábado (21). “Como as pessoas ainda são obrigadas a passar por essa situação lamentável, em pleno século XXI”. Ele apresentou requerimento de apoio ao profissional.

Em seguida, vários vereadores se manifestaram sobre o assunto, dando apoio ao dentista. “Não podemos tolerar a homofobia", disse o vereador Airton Araújo (PT), que junto da colega de partido, Camila Jara, atribuíram esse tipo de ação ao discurso homofóbico e a falta de políticas de enfrentamento por parte do atual governo de Jair Bolsonaro.

O vereador Ronilço Guerreiro (Podemos) disse que a palavra do dia é “empatia” e que todos devem lutar pelos seus direitos. Lembrou que já teve alunos que sofreram, vítimas de bullying relacionado à orientação sexual, ao peso ou outra característica física. “Já tive alunos que tentaram suicídio”.

Mas foi a fala de Beto Avelar que deixou o dentista mais emocionado. O vereador abriu a palavra livre falando sobre a mãe, que mora sozinha e regularmente recebe a visita do neto, que é homossexual. “É o mais amoroso comigo, com a mãe dele, com a minha mãe, é aquela pessoa que todo dia passa na casa da minha mãe para saber como ela está”, contou.

Avelar citou frase da mãe de Gustavo, dita em entrevista ao Campo Grande News, quando Tânia Mara se mostrou indignada com o ataque sofrido pelo filho e lembrou que a agressora “mexeu com alguém que tem mãe”. Se dirigindo a Gustavo, o vereador disse. “O meu filho também tem um pai (...) me solidarizo muito com essa fala, isso é o fim do mundo para mim, na condição de pai e avô, me solidarizo e conte comigo nessa causa”.

O vereador Alírio Vilassanti (PSL) disse que é necessária punição exemplar, pois a mulher “feriu princípio basilar do ser humano, que é a liberdade de suas convicções”. O presidente da Casa, Carlos Augusto Borges (PSB) se pronunciou, dizendo que Câmara trabalha em políticas públicas contra comportamento preconceituoso. “É preciso respeitar as diferenças”.


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