"Vou me acertar com ele": condenado por execução ameaça delegado
"Cone" ameaçou Carlos Delano, que descobriu seu envolvimento em homicídio, na cara de juiz
“Na hora que eu sair, eu vô me acertá (sic) com ele”. Com essas palavras, Márcio Douglas Pereira Rodrigues, o “Cone”, ameaçou o delegado Carlos Delano Gehring Leandro de Souza. Márcio foi condenado recentemente por ter assassinado, junto com comparsas da facção Primeiro Comando da Capital, Maikel Martins Pacheco, em 2019. A morte teria sido encomendada pelo chamado “tribunal do crime” do PCC.
Em sentença do último dia 7 de novembro, o réu foi condenado novamente, desta vez pela ameaça feita contra o delegado. A juíza da 10ª Vara do Juizado Especial Central, Eliane de Freitas Lima Vicente, determinou detenção em regime aberto pelo crime, entretanto, “Cone” está preso pela morte de Maikel. Nesses casos, a condenação é somada à pena que o réu já cumpre.
A fala de ameaça de Márcio contra Delano foi feita em audiência por videoconferência da 1ª Vara do Tribunal do Júri, em maio de 2021. “O Doutor Carlos Delano acabou com a minha vida. E eu vô falá, se eu for condenado num B.O que eu não fiz, que não tem nada a vê, o Doutor Carlos Delano ele pode mi insperá o resto da vida dele, que na hora que eu sair eu vô me acertá com ele. Que o que ele tá fazeno, ele não é homi (sic)”, declarou em frente ao juiz do caso.
Delano foi o responsável pelas investigações da morte de Maikel e ao saber da declaração, acionou a Polícia Civil que denunciou o caso à Justiça. A princípio, o caso foi tratado como coação no curso do processo, mas passou a ser tratado como ameaça pelo entendimento da magistrada.
Segundo a juíza, ameaça é a “possibilidade de ocorrência de algum mal injusto, o que restou demonstrando ter ocorrido no caso em questão, restando demonstrado o repúdio do réu com a atuação profissional da vítima, o que não pode ser permitido pelo Poder Judiciário”.
Na sentença, ela também entendeu que a justificativa apresentada pelo réu, que confessou ter feito a ameaça com “cabeça quente”, não merecia ser acolhida. “(...) nem o ânimo exaltado, tampouco o estado de luto, argumentados pelo réu em seu interrogatório, são capazes de ilidir o dolo, pois o crime consuma-se no momento em que há a percepção por parte da vítima do ato intimidatório, atingindo-a em sua liberdade pessoal e capacidade de autodeterminação”.
Márcio alegou que acabara de perder o pai quando ameaçou Delano e por isso estaria de “cabeça quente”. Para a juíza, entretanto, “o réu agiu com vontade livre e consciente, procurando intimidar a vítima, causando-lhe justo receio, e esta prática deve ser coibida para que não se transforme em fato mais grave”.
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