CCR inicia obras para mudar fama da 163 de "morte para progresso"
A MSVia CCR deu início as obras de duplicação da BR-163, que prometem mudar a fama de “Rodovia da Morte” para “estrada do progresso”. Com previsão de investir R$ 3,4 bilhões em cinco anos, a concessionária instalou o primeiro canteiro de obras em Caarapó, a 283 quilômetros da Capital.
“A duplicação vai transformar a BR-163 de rodovia da morte na rodovia do progresso”, afirma o prefeito da cidade com 23,6 mil habitantes, Mário Valério (PR). Máquinas já estão a todo vapor no município, que terá 20 quilômetros duplicados nesta primeira fase.
Outros seis trechos serão duplicados até outubro do próximo ano. Segundo o diretor de engenharia da MSVia, Décio de Rezende Souza, o canteiro terá nove metros e serão duas faixas de cada lado com 3,6 metros de largura. O acostamento terá mais 2,5 metros. Só no perímetro urbano, cada sentido da via será divido por uma barreira central.
Até o final de 2015, a CCR planeja duplicar 129 quilômetros. No ano seguinte, serão outros 193 quilômetros. A meta é concluir os 806 quilômetros da rodovia até o final de 2018. Também implantadas 17 bases de apoio, 505 câmeras de vigilância e 13 radares fixos.
Esperança – A duplicação da BR-163 traz esperança até para quem já perdeu um parente em acidentes na rodovia. Este é o caso do agricultor José Mourafsuti, 60 anos, que, há três anos, perdeu o filho de 20 anos em um acidente automobilístico na fatídica rodovia. “Ele estava saindo e um caminhão o pegou”, contou o pai.
“A duplicação vai melhorar em tudo, vai virar outra rodovia”, afirmou Mourafsuti. Ele admitiu que sente vergonha da estrada quando viaja para São Paulo. Ele explica que o estado vizinho tem vários trechos com curvas e subidas, mas tem rodovias duplicadas e em melhores condições.
Outro produtor rural, Amarildo dos Santos, 52, diz que a duplicação vai transformar a BR-163 em outra rodovia. No entanto, ele teme as praças de pedágio. “Tomara que não tenha uma perto da cidade”, explica. Santos diz que chega a ir até 10 vezes em um único dia a Caarapó. O valor médio do pedágio a cada 100 quilômetros será de R$ 4,38. Serão nove praças de pedágio ao longo da rodovia entre as divisas de Mato Grosso do Sul com Paraná e Mato Grosso.
“Vai melhorar muito porque vai ter menos acidentes, já estava na hora”, comentou o pedreiro Vanderlei de Souza Melo, 29, outro morador de Caarapó. Ele espera que a fama da rodovia também mude, já que só se falam nos trágicos acidentes de trânsito.
Para o prefeito de Caarapó, a obra é oportuna. “A duplicação da BR-163 vai dar mais qualidade de vida e segurança para a cidade devido ao grande volume de veículos que passam pela estrada”, comentou. Ele tem esperanças de que a duplicação dê mais segurança também para o escoamento de grãos do município.
A presidente da República, Dilma Rousseff (PT), repassou a rodovia à CCR em março deste ano. As obras de melhorias começaram em maio. A concessão é pelo período de 30 anos e o investimento total previsto no período é de R$ 5,5 bilhões.
A BR-163 tem 847 quilômetros, mas cerca de 24 quilômetros já foram duplicados no perímetro urbano de Dourados. Do movimento total, 70% é de caminhões e carretas.
Inicialmente, o Governo federal iria repassar à iniciativa privada também as rodovias BR-262 e 267. No entanto, como as duas estradas são inviáveis economicamente, eles foram retiradas do pacote de concessão para não afastar os investidores. A BR-163 foi a leilão e teve deságio de 52% no valor do pedágio.
As obras tiveram início por áreas sem problemas ambientais e de conflito indígena e que não exigiriam um longo processo de licenciamento.