Diesel consome 51% do valor do frete e caminhoneiros pedem ajuda da AL
Mais de 30 representantes de transportadores da região de São Gabriel do Oeste, a 140 quilômetros de Campo Grande, participaram de sessão na Assembleia Legislativa, na Capital, na manhã de hoje (4). Na tribuna, o empresário Lúcio Lagemann falou das dificuldades enfrentadas pelo setor a fim de sensibilizar os deputados para que apoiem a reivindicação de redução do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do óleo diesel, entre outras.
Durante a sessão, o presidente da Assembleia, deputado estadual Júnior Mochi (PMDB), convidou os parlamentares a participar da reunião dos caminhoneiros com o governador Reinaldo Azambuja (PSDB), durante a tarde de hoje.
Lúcio disse que o setor espera respostas tanto do governo Estadual, como Federal. Segundo ele, os custos com combustível correspondem a 51,59% do valor do frete, por isso os transportadores querem a redução do ICMS sobre o diesel, de 17% para 12%. “Um frete de São Gabriel do Oeste para Campo Grande, em veículo de sete eixos, que pode trasportar 37 toneladas, resultaria no valor de R$ 888, mas depois de todos os custos, sobra apenas R$ 57 para o motorista. Sem falar em outros gastos, como seguradora, manutenção, pneus, encargos sociais e a comissão do motorista, que chega a 10%”, exemplificou, ao falar aos deputados.
O empresário sustentou que o Estado não teria perdas com a redução do imposto. “MS é um dos Estados com o diesel mais caro do país. O Estado não teria prejuízo, pois iria aumentar a competitividade do setor. Existem mais de 845 veículos em São Gabriel do Oeste, que geram receita de R$ 3,8 milhões mensal. São 1.450 placas de veículos que consomem, por mês, mais de R$ 1 milhão de litros de diesel”, argumentou Lúcio. “Ainda tem o PIS (Programa de Integração Social) e a Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social), que agora cobra R$ 0,29 por litro do diesel e em maio será colocada a Cide (Contribuição para Intervenção no Domínio Econômico), serão mais R$ 0,05 por litro”, destacou.
Outra dificuldade, disse o transportador, são as vistorias que ocorrem a cada cinco anos no Detran (Departamento Estadual de Trânsito). Os caminhoneiros querem que o prazo seja de 10 anos. “Somos obrigados a pagar R$ 103 por placa. Veículos de transporte de grãos têm três placas, então é um custo muito alto”.
Quanto ao IPVA, Lúcio lembrou que empresas com frota acima de 50 veículos têm desconto de 50%. Com isso, pequenos e médios trasportares se sentem prejudicados por não ter acesso ao mesmo benefício. “A paralisação foi feita por necessidade, mas resolvemos terminar por acreditar em diálogo com governos estadual e federal”, disse, ao destacar ainda que os caminhoneiros querem o estabelecimento de uma tabela de preço mínimo do frete por quilômetro rodado e incentivo ao cooperativismo do Estado, pois as cooperativas pagam menos impostos.
Segundo o diretor da Cooperativa Agrícola da região de São Gabriel do Oeste, Auderi Vanzela, a ideia dos grupo é conseguir ajuda dos parlamentares. “Viemos hoje para buscar apoio dos deputados e entregar o protocolo de intenções, além de explicar o motivo das paralisações e expor a situação crítica que estamos vivendo. Queremos negociar com o poder público, porque ouvimos muitas promessas durante a campanha eleitoral, mas não sabemos se irá sair do papel”, disse o diretor da cooperativa, que tem 820 caminhões.
Lei dos Caminhoneiros - Foi publicada, nesta terça-feira (3), a lei que atende reivindicações da categoria. O acordo foi a liberação das estradas em todo o país, com a sansão da lei, que altera carga horária,tempo de horas extras e intervalos; além de perdoar multas por excesso de peso dos caminhões, recebidas nos últimos dois anos, e mudar a responsabilidade sobre o prejuízo, entre outros. Com isso, nenhuma estrada no país foi bloqueada nesta manhã. Foram onze dias de bloqueios em Mato Grosso do Sul, em manifestações que começaram nas rodovias federais e migraram para as estaduais, depois que a Justiça determinou multa.