Em delegacia do Centro, três pessoas ficam sem atendimento por conta da greve
Concentrados na Depac-Centro (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) policiais civis defendem a grave. Em duas horas, pelo menos três pessoas não conseguiram ser atendidas. Apenas 30% do efetivo trabalha, conforme determinado por lei.
A auxiliar de cozinha Aurora Elias Duarte, 53 anos, saiu do bairro Duque de Caxias para conversar com o filho preso na Depac desde essa quinta-feira e não conseguiu o objetivo. “As pessoas não sabem dar informação e só dizem não tem como”.
O filho de Aurora foi preso porque não pagou pensão alimentícia e o que ela queria era o telefone da ex-mulher dele para negociar o valor devido. Apesar de não conseguir atendimento, Aurora aprova o protesto dos servidores. “É um absurdo os policiais ter que fazer greve para conseguir salário justo. A segurança pública deveria ser prioridade para o governo”.
Outras duas pessoas que queriam registrar boletim de ocorrência não conseguiram. Uma dos registros seria de extravio.
Policial civil há cinco anos, um servidor que não quis se identificar explica que o movimento não é só por salários, mas, também para que haja melhorias nas condições de trabalho. “Viaturas estão com pneus carecas e sei de histórias de colegas que compraram munição com dinheiro do próprio bolso”.
Luiz Vaz, 56 anos, ficou na ativa por 28 anos e se aposentou em abril de 2012. Mesmo não estando trabalhando mais, decidiu apoiar o movimento e diz já viu colegas serem remanejados por aderirem à paralisação. “Sempre foi assim, essa briga acirrada. O governo nunca deu atenção para a segurança pública”.
Impasse- Escrivães, investigadores, papiloscopistas e agentes de polícia científica cruzaram os braços nesta sexta-feira porque não houve acordo entre a categoria e o Governo do Estado sobre reajuste de salários e condições de trabalho.
O governo ofereceu 5% inicialmente e depois aumentou para 7%. A classe quer 25%.
A proposta do governo é de 7% este ano, 8% em 2014 e 12% em 2015, além de vantagens e reenquadramentos que elevam os salários da classe dos substitutos em 28% já em 2013.
O Estado também promete estender a todos os policiais a etapa alimentação – benefício semelhante ao ticket alimentação -, se compromete a aumentar o número de vagas para promoção de escrivães e investigadores, a fixar data para promoção anual em lista tríplice e a equiparar servidores DAP com os da segunda classe.
O governo disse que está aberto à negociação até segunda-feira (20) e já avisou que os pontos dos servidores serão cortados.
Instruções – O Simpol (Sindicato dos Policiais Civis) formulou uma espécie de cartilha dando as coordenadas de como a categoria deve agir durante a greve. Conforme as instruções, durante o período de paralisação as delegacias farão registros de ocorrências apenas de prisões em flagrantes, casos de homicídios, remoção de cadáveres em residências ou vias públicas, desaparecimento de menores de idade e casos relacionados à lei Maria da Penha.
Além disso, os investigadores não farão diligências, transferências serão feitas apenas de presos em flagrante ou capturados para as unidades onde devem ficar custodiados, escoltas não devem ser executadas, somente ambulatoriais em casos de emergência.
Atendimento de advogados ou oficiais de Justiça nas delegacias também estarão paralisados, exceto em casos de alvará de soltura. Visitas também estão suspensas durante a greve. Quanto aos escrivães, cumprirão o expediente normal, porém com restrição.
De acordo com as regras da greve, apenas serão realizadas atividades em cartórios que estejam relacionadas a prisões em flagrantes, homicídios e medidas protetivas urgentes, no caso da lei Maria da Penha.
Não haverá também encaminhamento ou retirada de inquéritos policiais ou outras comunicações, protocolos, ofícios, nem expedidas intimações. Em caso de flagrantes e oitivas urgentes, os escrivães deverão fazê-las somente acompanhados de delegados.