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Empregos

“Assistencialismo atrapalha o emprego”, diz diretor da Funsat sobre 1.500 vagas

Do total, 800 oportunidades disponíveis nesta 5ª feira são para pessoas sem experiência

Aline dos Santos | 27/04/2023 12:09
Paulo da Silva é diretor-presidente da Funsat desde 20 de outubro do ano passado. (Foto: Marcos Maluf)
Paulo da Silva é diretor-presidente da Funsat desde 20 de outubro do ano passado. (Foto: Marcos Maluf)

Há seis meses no comando da Funsat (Fundação Social do Trabalho), órgão que tem 15% de efetivação no encaminhamento ao emprego em Campo Grande, Paulo da Silva chegou ao diagnóstico de que o assistencialismo tira as pessoas do mercado.

Ao citar essa concorrência, ele, que é contador, se lança aos números. “Hoje, eu tenho 1.524 vagas de emprego dentro da Funsat. Por que eu não encontro pessoas para trabalhar? Porque eu tenho um grupo que não tem interesse. Hoje ele está dentro do Bolsa Família, dentro do Vale Renda. Se ele arruma um emprego formal, por um salário mínimo de R$ 1.320, ele perde os benefícios. Ele tem R$ 600 do Bolsa Família, mais R$ 150 de cada filho menor de seis anos, vamos pôr dois filhos , mais R$ 450 do Vale Renda. Já são R$ 1.350, mais do que o salário mínimo”, diz o diretor-presidente da fundação.

O programa Bolsa Família é pago pelo governo federal. O citado Vale Renda foi substituído em 2021 pelo programa estadual Mais Social, que atualmente paga R$ 300 para famílias em vulnerabilidade social. A reportagem apurou que em teoria os benefícios federal e estadual poderiam ser acumulados, mas na prática a família que receber R$ 600 do Bolsa Família fica fora da faixa de renda determinada pelo Mais Social.

Paulo da Silva também cita o programa estadual “Conta de Luz Zero”, que paga o boleto para residências que utilizam até 220 kWh (quilowatt-hora) por mês. “Quer dizer, ele não paga. Aí, tem a tarifa social da água, paga um valor mínimo. Enfim, hoje, o assistencialismo atrapalha o emprego. Ele tem condão de não deixar a pessoa sair”, diz Paulo.

Nesta quinta-feira (dia 27), das 1.524 vagas abertas para 154 profissões, mais da metade se destina a pessoas sem experiência. A estimativa é que a maioria dos cargos tenha remuneração de R$ 1.320 a R$ 2 mil.

 “Nessa linha, você tem dois públicos. O jovem, que não tem o registro em carteira, e o baixa renda, é uma expressão ruim, mas é aquele cara que não conseguiu arrumar emprego melhor. Que vai busca o emprego do nível 1, que é do salário mínimo. Esses dois públicos são importante, mas precisa ter vontade de sair dele. Se não qualificar, não melhora essa renda”, afirma.

Localizada na Rua 14 de Julho, a Funsat atende das 7h às 17h, na modalidade portas abertas, ou seja, é só entrar levando documentos e consultar vagas e cursos disponíveis. Por dia, apesar de sempre ter as 1.500 vagas, a procura média é de apenas 200 pessoas.

Paulo da Silva destaca vagas para quem não tem experiência. (Foto: Marcos Maluf)
Paulo da Silva destaca vagas para quem não tem experiência. (Foto: Marcos Maluf)

Temos 800 vagas dentro da Funsat para quem quiser trabalhar. Olha, eu não tenho experiência, eu tenho lugar para você. Olha, estou desempregado, eu tenho lugar para você. Não tem desculpa. O que leva as pessoas a não buscar esse emprego? O assistencialismo”, diz o diretor.

Outro concorrente é o mercado informal. “É preciso que a pessoa tenha na mente a necessidade de crescimento. Ela precisa crescer, se desenvolver, sair do salário mínimo. Quando a gente melhora de vida, tudo que está no nosso entorno cresce”.

Segundo Paulo, a rede atacadista Assaí está com 250 vagas abertas há 30 dias, com oportunidades que vão de faxineiro a encarregado. A oferta também cresceu com a procura de empresas sediadas em Ribas do Rio Pardo, que fica a 103 km da Capital e registra expansão econômica com a construção de fábrica de celulose.

Qualificação – A Fundação Social do Trabalho tem quatro cursos de qualificação com vagas abertas: higiene e manipulação de alimentos, assistente administrativo, técnico de vendas e cuidador de idosos.

A qualificação também ajuda a melhorar a autoestima do candidato na procura por emprego. “A gente acolhe, conversa. A fundação tem psicólogo, assistente social. Os órgãos governamentais estão se preparando”, diz Paulo.

O diretor-presidente lembra que o estudo abre horizontes e cita o caso de um ajudante de marceneiro. A pessoa fez o curso de técnico de venda e enxergou que poderia seguir no segmento, mas vendendo materiais de marcenaria. “Ele fez um curso de 40 horas e abriu a mente dele”.

A Fundação Social do Trabalho fica localizada na Rua 14 de Julho, 992, Vila Glória. (Foto: Marcos Maluf)
A Fundação Social do Trabalho fica localizada na Rua 14 de Julho, 992, Vila Glória. (Foto: Marcos Maluf)

Feirão - No dia 8 de maio, um feirão de empregos vai ofertar mil vagas. Nesta data, equipes de recursos humanos vão à Funsat e realizam os processos de seleção. Os aprovados já saem do local com documento para realização do exame médico admissional.

“Mais de 20 empresas trazem o RH para cá e a gente faz esse encontro entre os empresários, o candidato ao emprego e o poder público. É uma forma que nós achamos de aproximar”, destaca Paulo.

A Fundação Social do Trabalho fica localizada na Rua 14 de Julho, 992, Vila Glória. É necessário levar documentos pessoais (RG, CPF, comprovante de residência e Carteira de Trabalho).

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