Quarentena muda perfil de trabalhadores e cresce a preferência por home office
Mais de 8 milhões de brasileiros prestaram serviço de forma remota durante a pandemia
A pandemia provocada pelo coronavírus mudou para sempre nossas vidas e a maneira como prestamos e consumimos serviços não é uma exceção. Com a chegada da quarentena empresas passaram por muitas mudanças para seguirem funcionando, e o home office, já existente mas não tão difundido, ganhou força e preferência de empregadores e empregados. Estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) revela que entre maio e novembro de 2020, 8,2 milhões de brasileiros trabalharam de forma remota, 63,9% deles atuando no setor privado, em 2018 o total era de 3,8 milhões.
Para o diretor comercial e recrutador Ademir Pegoretti (59) a modalidade tende a ganhar cada vez mais espaço. “As pessoas querem trabalhar assim e temos também clientes que demandam esse modelo de trabalho. Estamos numa era que, mesmo já existindo há muitos anos, o home office veio à tona com muita força e veio pra ficar”, reforça ele.
Há seis anos no mesmo emprego e quatorze meses em home office, a atendente de suporte operacional, Giulia Batista (32) sente que rende muito mais trabalhando de casa. “No começo foi bem difícil, tem o lance da adaptação e tal mas hoje sinto que produzo muito mais assim. Embora tenha várias vantagens, trabalhar assim não é para qualquer um, não pode ter distrações, tem que aprender a dar resultados sem alguém olhando, cuidando o tempo todo. Numa eventual troca de emprego com certeza darei prioridade às atividades que eu possa desenvolver no sistema home office”, disse.
Apesar da mudança no perfil dos candidatos e no ambiente de trabalho, Pegoretti frisa que algumas coisas não mudaram e são fundamentais durante o processo de escolha de um novo funcionário. Pontualidade, compromisso e força de vontade por parte do candidato ainda são itens que encabeçam a lista de itens pretendidos. “Algumas pessoas enfraqueceram com a pandemia. Não se apresentam de forma adequada, inventam desculpas para comparecer a entrevistas, não têm pontualidade e acham que as coisas cairão do céu. O funcionário pretendido, independente da modalidade, é aquele que usou a quarentena para dar um upgrade em sua qualificação profissional, que tem flexibilidade quanto a horários e que está sempre disposto a dar o seu melhor”, conclui.