Fazer Enem depois da maioria não garante nota boa, dizem professores
Com o adiamento na aplicação das provas do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) no campus da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) em Paranaíba, para os dias 3 e 4 de dezembro, os 488 incritos que fariam o exame na unidade terão mais um mês para se preparar. Uma grande vantagem sobre os demais, certo? Nem tanto.
Apesar de ainda gerar discussão entre alunos que farão a prova no próximo fim de semana (5 e 6 de novembro), professores especializados no preparo de candidatos para o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) esclarecem certas dúvidas quanto à mudança. Ao todo, 139.637 estão inscritos para fazer o exame.
Para eles, mesmo com um prazo fora do cronograma normal da realização do exame, o adiamento não representa vantagem para estes estudantes sobre os outros inscritos. Os exames para quem fará as provas nestas datas serão diferentes, mas com o mesmo grau de dificuldade, conforme explica o professor de matemática Igor Tosta, de 36 anos, que há 17 se dedica ao preparo de alunos para o Enem.
“As provas do Enem seguem o critério TRI (Teoria de Respsta ao Item) de avaliação. Ou seja, são provas diferentes, mas cuja as questões têm o mesmo grau de dificuldade. Então o aluno que vai fazer a prova em uma data diferente, não vai ter vantagem sobre outro candidato que fez antes dele. Não se levado em consideração apenas o grau de dificuldade de um exame ou outro”, comenta.
Mas, ele ressalta que o adiamento pode agravar a situação de alunos de escolas públicas que, por exemplo, há tempos já sofrem com os efeitos das paralisações. “Dentre estes estudantes que farão a prova em dezembro, provavelmente há aqueles que historicamente já sofreram com as greves escolares. Terem que enfrentar essa situação até na hora de fazer o Enem, pode ser uma dificuldade a mais”, pontua.
Para o professor Fernando Padoin Figueiredo, de 42 anos, que há 20 também ministra aulas em cursos preparatórios, o adiamento tem tomado uma proporção desnecessária.
“O Enem sempre foi aplicado em datas diferentes para alunos que cumprem medidas socioeducativas ou em alguma cidade onde, por decorrência de alguma catástrofe natural, por exemplo, a prova tem de ser adiada. O que acontece este ano é que por decorrência das ocupações o adiamento tomou uma proporção desnecessária. O aluno que se preparou por dez meses para fazer o exame agora, também vai estar preparado para fazer daqui um mês”, observa.
Mas entre alguns estudantes que irão fazer a prova no próximo sábado (5) e domingo (6), a mudança ainda representa uma vantagem. “Querendo ou não eles terão um mês a mais para estudar e se preperar melhor. Uma provável solução teria sido a organização do exame ter proposto um acordo com estes ocupantes para que não precisassem adiar as provas”, conta a cuidadora Marilza Maciel Ribeiro, de 30 anos, que este ano irá tentar uma aprovação em fisioterapia.
Já para a treineira Haniely Magalhaes, de apenas 15 anos, por mais que o adiamento represente uma oportunidade a mais de estudo, o bom resultado ainda depende da força de vontade do candidato.
“Se o estudante não se preocupar em usar esse tempo extra para estudar mais e garantir uma boa nota. De nada adianta ele ter um mês a mais de prazo para fazer o exame”, conta estudante que sonha em cursar medicina.
Adiamento polêmico – Em Mato Grosso do Sul o campus da UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul) foi o único dos 296 locais que sediam o Enem no Estado que sofrerem alteração. Em todo o Brasil, a medida abrange 304 locais e um total de 191.494 estudantes.
Na última quarta-feira (2) o procurador da República no Ceará, Oscar Costa Filho, pediu a suspensão do Enem deste ano por considerar que o adiamento pudesse não favorecer os candidatos de forma igualitária. No entanto, a Justiça Federal no Ceará negou, nesta quinta-feira (3), o pedido do Ministério Público Federal do Ceará.