Governo teve 2 contratos com a Delta, de R$ 51 mi, já encerrados segundo Agesul
A Agesul (Agência Estadual de Gestão de Empreendimentos) informou ao Campo Grande News que o Governo do Estado teve dois contratos firmados com a Delta Construções, suspeita de irrigar o esquema de jogo ilegal liderado por Carlos Augusto Ramos, conhecido como Carlinhos Cachoeira.
A Agesul informou que o primeiro contrato foi firmado em 10 de agosto de 2010, com início da obra no dia 1º de outubro de 2010. O investimento de R$ 51.287.814,52 foi aplicado na recuperação da rodovia MS-377. O segundo contrato, também firmado em agosto de 2011, foi de R$ 430 mil, investidos em drenagem.
Um levantamento feito pela reportagem por meio do Portal da Transparência do Governo do Estado revela que os pagamentos da obra de R$ 51 milhões foram feitos até janeiro deste ano. A maior parcela única foi paga no mês de junho de 2011, no total de R$ 12 milhões.
O Caso - Uma CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) está investigando o envolvimento de Cachoeira com políticos e empresários. A comissão aprovou a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de Cachoeira desde o dia 1° de janeiro de 2002.
Denúncias apontam que um dos laranjas da Delta no esquema com Cachoeira mora no município de Dourados. A empreiteira é suspeita de montar uma rede para lavar dinheiro em uma triangulação com outra construtora, chamada de Alberto e Pantoja Construções e Transporte Ltda. Entre os principais destinatários do dinheiro do esquema está Pedro Batistoti Júnior, tecnólogo e ex-funcionário da Delta no Estado. Laudos da Polícia Federal apontam que ele teria recebido R$ 300 mil, o que ele nega.
Investigações da CGU (Controladoria Geral da União) também revelam uma série de irregularidades em obras de R$ 13,8 milhões realizadas pela Delta Construções S/A em rodovias federais do Estado, onde três contratos caíram na “malha fina”. No contrato de R$ 9,5 milhões, a CGU encontrou três irregularidades: ponte com guarda-corpo danificado, pista de rolamento em condições inadequadas e preenchimento incompleto do Diário de Obras.
Em março deste ano, mesmo com a suspensão dos editais de licitação no Dnit de Mato Grosso do Sul, a Delta venceu o certame para recuperação de 108,3 quilômetros da BR-163. A Delta apresentou a terceira melhor proposta, de R$ 30,9 milhões, mas as duas outras empresas foram desclassificadas por não atenderem critérios do edital. A empresa CCM - Construtora Centro Minas Ltda, que apresentou o menor valor, R$ 27 milhões, recorreu de forma administrativa, mas o recurso foi negado.
Ontem (3), o senador Delcídio Amaral (PT) disse ao Campo Grande News que o Governo Federal vai agir buscando controlar todos os passos da Comissão Parlamentar de Inquérito, restringindo as investigações ao que os procuradores e a Polícia Federal já levantaram sobre Carlinhos Cachoeira. No entendimento do senador, o cerco será feito para evitar que as denúncias ganhem uma proporção ainda maior.