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Interior

“Ele destruiu nossa família”, diz irmão de professora morta com 36 facadas

Nádia Sol Neves Rondon foi morta no dia em que completou 38 anos na casa onde vivia com as filhas em Corumbá, onde morava há 15 anos

Viviane Oliveira e Mirian Machado | 11/03/2019 12:26
Nádia está sendo velada numa pax de Campo Grande na Rua 13 de Maio (Foto: Mirian Machado)
Nádia está sendo velada numa pax de Campo Grande na Rua 13 de Maio (Foto: Mirian Machado)

Durante o velório da professora assassinada com 36 facadas pelo ex-namorado, Edevaldo Costa, 31 anos, o irmão dela, Raul Pereira Neves Júnior, disse que a vítima vinha sofrendo ameaças há pelo menos duas semanas porque o autor não aceitava o fim do relacionamento. “Ele destruiu a nossa família”, lamentou.

Nádia Sol Neves Rondon foi morta na casa onde vivia com as filhas em Corumbá. A professora que ministrava aulas de Português e Inglês deixou duas filhas de 9 e 15 anos. Ela está sendo velada numa capela da Rua 13 de Maio em Campo Grande.

“Ela era muito reservada. Em janeiro, passou as férias aqui, mas não comentou nada sobre o relacionamento que matinha com esse rapaz. Só ficamos sabendo quando ele passou a ligar para a nossa mãe implorando que ela convencesse Nádia a aceitá-lo de volta”, disse. A professora morava há 15 anos em Corumbá.

Segundo Raul, apesar das ameaças a irmã não havia registrado o caso à polícia. “Todas as mulheres têm que registrar boletim de ocorrência na primeira ameaça. Não interessa quanto tempo de relacionamento. Se teve ameaça, tem que denunciar. Não quero que outra família passe o que nós estamos passando agora”, afirmou. Nádia foi assassinada no dia do seu aniversário de 38 anos. 

Cerca de seis mulheres vestidas de preto protestaram no velório. Segundo uma delas, Ana Cláudia Salomão, 40 anos, todos os movimentos colocaram o fim da violência contra a mulher como prioridade. “Do fim do ano para cá, a violência tem se intensificado principalmente por questões politicas”, contou.

Conhecida da vítima, a deputada federal Rose Modesto (PSDB) esteve no velório nesta manhã. Ela faz parte da comissão externa de combate à violência a mulher e ao feminicídio. “A cada hora, duas mulheres morrem no País”, lamentou. Hoje de manhã, também teve protesto em Corumbá. As manifestações tiveram início logo cedo na rua Quinze de Novembro, esquina com a Dom Aquino, mobilizada pela Secretaria Especial de Direitos Humanos 

Preventiva – Em audiência de custódia, realizada nesta manhã (11) em Corumbá, a Justiça converteu em preventiva a prisão de Edevaldo - assassino confesso da professora. Ele foi levado para o Estabelecimento Penal Masculino do município.

Ele se apresentou à Polícia Civil depois que cometeu o crime, ocorrido na manhã de domingo (10), na Rua Alameda Adelina, no Bairro Universitário. “A apresentação por si só não é capaz de impedir a prisão. Não pode ser usada como uma forma de burlar a lei”, explicou o delegado plantonista Fernando Araújo da Cruz Júnior, que o autuou em flagrante por feminicídio, crime com pena que varia de 12 a 30 anos de prisão. Em depoimento, Edevaldo alegou que na madrugada encontrou a vítima num pagode junto com duas amigas e mais um rapaz.

Pela manhã, o autor foi até a casa da ex, mas não a encontrou. Vizinhos disseram que Nádia havia estacionado o veículo e saído em outro carro com um rapaz que tinha as mesmas características da pessoa que ele havia visto no pagode.

Ele, então, esperou a vítima chegar, houve discussão. Foi quando ele pegou uma faca que estava no batente da janela e a matou com vários golpes. “Foram 36 facadas contabilizadas pelo médico legista”, contou o delegado plantonista.

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