“A vida foi uma montanha-russa”, desabafa mãe de rapaz morto por justiceiros
Brasileiro foi morto na noite de sábado, em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia vizinha de Ponta Porã
“Meu filho, sua vida foi como uma montanha-russa”, desabafou em redes sociais, a mãe de Rogério Laurete Buosi, de 26 anos, rapaz executado com 11 tiros de pistola 9 mm (milímetros) por grupo intitulado “justiceiros”.
O crime aconteceu na noite de sábado (dia 25), em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia vizinha de Ponta Porã (MS). Os alvos desses assassinos (que têm apoio de parte considerável de moradores da fronteira) são suspeitos de roubos e furtos.
Desde ontem (26), a mãe de Rogério vem fazendo uma série de postagens sobre o filho. Em uma delas, a mulher pede respeito, e que as pessoas não postem comentários que não ajudam. O rapaz será velado e sepultado nesta segunda-feira (27), em Araçatuba, no interior de São Paulo.
"Quantas saudades arrebentam meu coração esmagado de mãe, quantas coisas vivenciamos juntos, alegrias, tristezas, problemas. Mas mamãe faria tudo de novo por uma segunda chance, mas o tempo não volta, sua partida foi precoce, o senhor é nosso pastor é o seu também, agora você está nos braços do pai, meu filho descansando (sic)” escreveu no Facebook.
A mãe continua o desabafo dizendo que os julgamentos vão ficar para as pessoas "desprovidas de sabedoria”. “Ninguém conhecia sua história e suas dificuldades, mas vou lembrar de você com seu sorriso! Eu não sabia a proporção da dor de perder você. Te amo enquanto eu viver”. Em outra postagem, a mãe escreveu: "Eu nunca mais vou ouvir sua voz, que Deus perdoe seus pecados meu filho, e te receba, como muita gente não soube te receber (sic)". A reportagem tentou falar com a mãe, mas não conseguiu contato.
Justiceiros - Natural de Rondonópolis, Mato Grosso, Rogério foi executado na casa onde vivia, na Fração Villa Ciudad Nueva, no Bairro Defensores Del Chaco.
Conforme informações policiais, os autores conhecidos como "Justiceiros" deixaram recado escrito numa folha de papel, ao lado do corpo, com a frase: “Não robar na frontera”, assinado por: “juss front (sic)”.
Não é de hoje que esses grupos de extermínio vêm agindo na fronteira. No mês passado, dois jovens foram executados com 50 disparos de fuzil, em Pedro Juan Caballero. Ao lado dos corpos, foi deixado o recado, escrito à mão, revelando a causa. "Justiciero No Robar P.J.C (sic)".
Em um dos casos publicados pelo Campo Grande News, a reportagem apurou que parte dessas mortes são ordenadas pelos chamados “Barões da Fronteira”, que atuam no comércio e no contrabando, descontentes com os constantes assaltos em Ponta Porã e Pedro Juan Caballero.