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Interior

“Guardiões” ameaçam “justiceiros”, e banho de sangue assusta a fronteira

“Guardiões do Crime do Brasil” fez postagem em rede social, prometendo reação contra exterminadores

Helio de Freitas, de Dourados | 03/08/2021 11:31
Policiais brasileiros parados na linha internacional entre Ponta Porã e Pedro Juan. (Foto: Marciano Candia)
Policiais brasileiros parados na linha internacional entre Ponta Porã e Pedro Juan. (Foto: Marciano Candia)

Ameaça de outra guerra entre criminosos surgida no fim de semana, está espalhando terror na fronteira do Paraguai com Mato Grosso do Sul. Grupo identificado como “Guardiões do Crime do Brasil” promete reagir contra os “justiceiros da fronteira”, apontados como responsáveis por seis execuções em uma semana, em Pedro Juan Caballero e Ponta Porã.

Através de postagem em rede social, o “GDC” ameaça dar resposta às execuções da semana passada, principalmente, do adolescente paraguaio Derlis Alonso Cardozo, 17, que teve parte da pele arrancada, e de Eduardo Gonzalez Alvarenga, 18, sequestrado e esquartejado, em Ponta Porã.

Inicialmente, as postagens foram encaradas com descrédito, como mais uma das dezenas de fakes news que circulam na linha internacional. Entretanto, fontes ouvidas hoje (3) pelo Campo Grande News, afirmam que as ameaças são verídicas e trazem ainda mais preocupação para os órgãos de segurança pública e medo para os moradores das duas cidades.

“Já começou uma outra guerra, uma disputa entre facções”, afirmou a fonte ligada à área de segurança da fronteira. Os “Guardiões” seriam a mais recente resistência ao domínio do PCC (Primeiro Comando da Capital), na linha internacional. Ainda não está confirmado, mas a suspeita é de que o PCC dê apoio e aval para a atuação dos “justiceiros”.

Postagem assinada por "Guardiões" com ameaça contra justiceiros. (Foto: Reprodução)
Postagem assinada por "Guardiões" com ameaça contra justiceiros. (Foto: Reprodução)

Recado – “O grupo denominado justiceiros da fronteira segue cometendo suas atrocidades. O recado foi dado, mas seguem fazendo patifaria com seres humanos. Como fica a situação das mães desses homens e mulheres mortos? Pode ter certeza que breve daremos uma resposta. Não vamos cometer atos contra inocentes, mas vamos achar uma pista desses canalhas covardes”, diz a postagem feita domingo à noite.

A facção também faz referência ao EPP (Exército do Povo Paraguaio), grupo armado que luta contra o governo paraguaio e tem forte atuação na região norte do país vizinho.

Em outra postagem, o “Guardiões” afirma que também está tomando as dores do EPP e que adotará as dores do povo paraguaio e dos brasileiros da fronteira.

“Desde já deixamos claro aos justiceiros da fronteira que se não parar com as mortes iremos agir e a fronteira vai presenciar o maior derramamento de sangue já visto”, afirma a postagem, assinada pela “sintonia final da GDC”. Na linguagem das facções, “sintonia final” significa o alto comando da organização criminosa.

Resposta – A referência do “Guardiões” ao EPP não é aleatória. O bilhete deixado pelos “justiceiros” no local onde dois primos foram executados, domingo à noite, em Pedro Juan Caballero, continha ameaças aos guerrilheiros. Robson Martinez de Souza, 21, e Jeferson Martinez de Souza, 18, foram mortos com pelo menos 30 tiros.

“Comunicado para o Guardiões do Brasil 7.4.3 e para o EPP: nós os justiceiros da fronteira deixamos bem claro a todos que não vamos permitir roubo de gente trabalhadora na fronteira”, dizia o recado escrito em um pedaço de cartolina verde.

Além dos primos, as outras vítimas de execuções recentes atribuídas aos justiceiros da fronteira foram Luis Mateo Martinez Armoa, 21, o “Matheus Elefante”, que também tinha documento brasileiro com o nome de Luiz Matheus Maldonado; a namorada dele Anabel Centurión Mancuello, morta no dia em que completava 22 anos; o adolescente Derlis Alonso Cardozo e Eduardo Gonzalez Alvarenga, que teve o corpo esquartejado.

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