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Interior

Acusado de coagir vítima de estupro, ex-prefeito alega “interesse político”

Em nota no Facebook, Sidney Foroni aponta vazamento de informação sigilosa

Helio de Freitas, de Dourados | 06/08/2020 14:48
O advogado Sidney Foroni, ex-prefeito de Rio Brilhante (Foto: Arquivo)
O advogado Sidney Foroni, ex-prefeito de Rio Brilhante (Foto: Arquivo)

Um dos quatro advogados alvos da Operação “Excesso de Defesa”, desencadeada ontem (5) pela Polícia Civil em Rio Brilhante, a 163 km de Campo Grande, o ex-prefeito Sidney Foroni (MBD) vê interesse político na denúncia.

Ele e os outros três advogados da cidade são acusados de coagir uma moradora de 31 anos de idade, vítima de estupro e cárcere privado, para que ela inocentasse o autor dos crimes, Gilson Pires de Matos, 49, ex-namorado da vítima e procurado pela polícia.

“Fatos amplamente noticiados nas mídias, meramente com interesse político, na tentativa de denegrir a minha imagem pessoal, profissional e política, pois as eleições estão se aproximando e qualquer fato negativo é explorado politicamente”, afirmou Foroni, em nota publicada em sua página no Facebook.

Ele nega as denúncias de que teria redigido documento em que a vítima pedia a retirada das denúncias. À polícia, a mulher disse que assinou o documento sem ler.

“Sou advogado e milito muito na área criminal há 33 anos. Ao longo de meus 33 anos de exercício na advocacia sempre tive conduta profissional digna de minha profissão, sempre primando pela ética e pelo respeito às leis”, afirma Foroni.

Na nota ele afirma ser advogado e amigo de Gilson Pires de Matos. “Todos sabem que ele é acusado de ter praticado alguns crimes (sequestro, cárcere privado, estupro e violência doméstica), dos quais ele nega os crimes de sequestro, cárcere privado, estupro, assumindo que realmente teve um desentendimento com sua namorada que terminou em vias de fato”.

O advogado explica ainda que após o registro do boletim de ocorrência, a vítima e sua advogada, Maria Tereza Arruda Ferro da Silva, assinaram pedido de desistência e renúncia de queixa contra o acusado em relação aos crimes de violência doméstica.

“A vítima desistiu de processar o suposto agressor e o pedido foi encaminhado ao delegado. Posteriormente esse pedido foi colocado sob suspeita pelo delegado, e depois a vítima novamente voltou atrás e disse que assinou tal documento de forma pressionada, o que duvido muito em virtude da credibilidade da Dra. Maria Tereza”, diz Foroni.

Maria Tereza e o marido dela, Alvacir Cano da Silva, também advogado, foram outros dois alvos da operação de ontem. O quarto advogado investigado é Daverson Munhoz de Matos, filho de Gilson Matos e sócio no escritório de advocacia de Sidney Foroni.

“A busca foi realizada de forma respeitosa e educada. Tenho plena certeza que as mensagens e documentos encontrados irão demonstrar que não tivemos qualquer influência na decisão da vítima”, afirmou o advogado.

Vazamento – Na carta publicada em rede social, o ex-prefeito aponta vazamento de informações sigilosas sobre as investigações e cita um repórter da cidade.

“Me espanta e me assusta ‘como e porque [sic], antes mesmo da operação ser concluída, operação que deveria ser sigilosa por sua própria natureza, o repórter Olimar Gamarra já estava sabendo a respeito da mesma e aguardando em frente à Delegacia de Polícia e divulgando o assunto como se tivesse uma bola de cristal”, questionou.

Foroni cobrou investigação e punição “para aqueles que querem mídia gratuita, porventura vazando informações sigilosas à imprensa sem se preocupar com o respeito às leis que deveriam cumprir e fazê-las cumprir”.

Ele afirma estar “com a consciência tranquila” de que os atos foram praticados dentro da legalidade e da ética profissional. “Buscaremos na Justiça a devida reparação do dano moral em virtude das divulgações mentirosas, bem como será cuidadosamente analisada a possível prática de abuso de autoridade em virtude do exercício da nossa profissão”.

Prefeito de Rio Brilhante de 2013 a 2016, Sidney Foroni era pré-candidato do MDB nas eleições deste ano. Entretanto, em junho deste ano o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) negou, por unanimidade, o recurso contra condenação por improbidade administrativa que o tornou inelegível por oito anos.

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