Acusado de estuprar adolescentes usava exame falso para esconder HIV
O servidor público da cidade de Dourados, a 233 km de Campo Grande, acusado de estuprar e aliciar adolescentes falsificou exame médico na tentativa de provar às vítimas que não era portador do vírus HIV e fazer sexo sem preservativo. Segundo a delegada responsável pelo caso, Marina Lemos, em entrevista ao Campo Grande News, a informação foi levantada durante 2 meses de investigações da Polícia Civil. O acusado já foi interrogado e continua preso.
Jeferson Porto da Silva, que é soropositivo, confirmou que mantem relações sexuais com adolescentes - todos do sexo masculino - há algum tempo e confessou a prática dos crimes de aliciamento e estupro. Como não usava preservativo, também pode ser configurado crime de acordo com o artigo 131 do Código Penal devido ao risco de transmitir doença grave - no caso HIV, a outras pessoas.
Em alguns casos, de acordo com a delegada, ele usava o Facebook e o Whatsapp com a desculpa de que apresentaria "algumas amigas" às vítimas para atrair os garotos até sua residência.
Com a vítima já em sua casa, Jeferson falava que não tinha amiga alguma para apresentar. "E como o adolescente já estava ali, ele sugeria o sexo e falava que poderia pagar pela relação, caso o menor quisesse", explica a delegada. Como todos são menores de idade, mesmo com o consentimento e sem violência, é configurado o estupro.
Histórico - A polícia já investigava Jeferson há, pelo menos, dois meses. "No dia 23 de agosto foi cumprido um mandado de busca e apreensão na casa dele", conta. Na ação, pertences do acusado, inclusive o aparelho celular, foram apreendidos. "Depois disso, ele ficou uns 10 dias quieto, sem agir, mas logo depois voltou à ativa", completa Marina.
O computador e um HD de Jeferson estão sendo periciados, inclusive um novo celular, comprado após a primeira apreensão. No entanto, segundo o jornal Dourados Agora, a polícia encontrou fotos dele com vários garotos, todos menores. Nas imagens, eles aparecem nus e se masturbando.
Diante das constatações, foi expedido pedido de prisão preventiva, que foi concedido. "Por isso, tenho 10 dias para concluir o inquérito. Mas acredito que a prisão dele será mantida e, depois, provavelmente será encaminhado para a penitenciária de Dourados.
Ajuda nas investigações - Algumas vítimas foram identificadas e já estiveram na delegacia para ajudar a esclarecer o caso. No entanto, a delegada espera que outras vítimas procurem as autoridades. "Espero que muitos meninos e pais me procurem. Quero ouvir o máximo de vítimas possível, mas não consigo identificar todos. Por isso, peço que me procurem para ajudar nas investigações", solicita a delegada.
Segundo Marina, muitas vítimas não querem ir até a delegacia acompanhada dos pais. Por isso, ela ouve as pessoas na companhia de um investigador. "O menor não precisa vir acompanhado dos pais e muitos se sentem constrangidos com a presença deles. Então é até melhor que elas venham de livre vontade para não ficarem envergonhados, o que atrapalharia as investigações", finaliza.
Condenação - A pena de Jeferson, se condenado, vai depender das informações que serão levantadas ao longo da investigação. No entanto, de acordo com a delegada, a condenação pelo crime de perigo de contágio de moléstia grave pode chegar a quatro anos de prisão e, pelo crime de pedofilia, a 10 anos de prisão.
Para fazer denúncias ou solicitar informações na 1ª Delegacia de Polícia de Dourados, os telefones para contato são: (67) 3411-8060 e 3411-8080.