Apreendido celular de funcionária que desviou fortuna para mãe de santo
Chefe do setor financeiro de empresa de máquinas agrícolas desviou R$ 50,8 milhões
A Polícia Civil apreendeu o celular da chefe do setor financeiro de uma empresa de máquinas agrícolas de Dourados, a 233 km de Campo Grande. Ela está envolvida no desvio de pelo menos R$ 50,8 milhões das contas da empresa, uma das mais tradicionais da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul. O dinheiro foi destinado a contas indicadas por duas mães de santo de São Paulo.
O caso foi revelado em primeira mão ontem (5) pelo Campo Grande News e confirmado pelo SIG (Setor de Investigações Gerais), responsável em desvendar o golpe.
A reportagem apurou que há pelo menos dois anos a funcionária da empresa era atendida pela mãe de santo “Juuuu.sam”, que em rede social se identifica como teóloga espiritual e presidente da “Casa Luz Amor”.
O motivo que levou a funcionária da empresa a procurar a mãe de santo ainda não foi revelado pela polícia. Em determinado momento, “Ju” afirmou à cliente que outra orientadora espiritual entraria em contato para dar continuidade ao atendimento.
Foi nesse período que entrou em cena a segunda mãe de santo envolvida no golpe, identificada como “Mãe Jade”. Foi essa mulher que teria feito a extorsão e indicado algumas contas bancárias para transferência do dinheiro. “Ju” também apontou contas para receber parte do dinheiro.
A polícia descobriu que durante um mês, entre o final de agosto e o final de setembro, a chefe do setor financeiro da empresa agrícola fez transferências quase diárias, até chegar à quantia de R$ 50,8 milhões.
Na semana passada, a funcionária procurou o SIG e afirmou estar sendo vítima de extorsão. Na versão dela, a mãe de santo que a atendia desde 2018 passou a exigir transferências de valores da empresa, caso contrário lançaria uma maldição que ao final culminaria com o suicídio da mulher.
“Segundo a funcionária, a mãe de santo disse que outra guru espiritual entraria em contato, devendo ser obedecido tudo o que ela ordenava, o que aconteceu”, afirma a polícia, em nota.
Com medo de sofrer sanções de cunho espiritual, a funcionária passou a fazer transferências para contas bancárias apontadas pelas duas mulheres durante 30 dias, que seria o “período de penitência”. A autora do desvio entregou à polícia a planilha com a lista das contas para as quais o dinheiro foi destinado.
Segundo a polícia, o celular da funcionária será periciado, para analisar o teor das conversas, o que poderia confirmar a extorsão. Ela pode ser indiciada por furto. O delegado do SIG, Rodolfo Daltro, disse que já pediu à Justiça a quebra do sigilo bancário das contas e a indisponibilidade do dinheiro.