Aulas voltam em Dourados, mas adolescentes indígenas seguem com baixa imunização
Segundo o Dsei-MS, quase metade segue sem 1ª dose; atividades presenciais foram suspensas após surto de covid
Com quase metade dos adolescentes indígenas sequer com a primeira dose de vacina contra a covid, autoridades sanitárias de Mato Grosso do Sul têm feito esforço coletivo para ampliar imunização do grupo e fazer testagens específicas, sobretudo em meio aos recentes surtos em aldeias de Dourados, a 235 quilômetros de Campo Grande, que anunciou a volta de aulas presenciais em escolas que foram fechadas.
Dados do Ministério da Saúde indicam que aproximadamente 4,5 mil jovens indígenas sul-mato-grossenses receberam um imunizante. Segundo o Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) de Mato Grosso do Sul, isso representava, em 5 de novembro, cerca de 53,7% dessa população, de 12 a 17 anos, do Estado. A meta estabelecida, no entanto, é de 90%.
Além disso, apenas 340 receberam o reforço, já que imunizantes da Pfizer são aplicados com intervalo de oito meses, de acordo com as diretrizes nacionais, as quais o grupo deve seguir. A SES (Secretaria Estadual de Saúde), contudo, aplica em período de 21 dias, mesmo em adolescentes. Apenas em Dourados, são pelo menos 664 vacinados com primeira dose e 35 com o reforço.
Grupo formado por entidades estaduais e federais concedeu parecer favorável ao retorno das aulas presenciais já na próxima quinta-feira (11), em 10 escolas da região, cuja as aulas foram suspensas no dia 27 de outubro. A decisão de reabertura já havia sido comunicada pela prefeitura do município.
O Executivo municipal disse que as atividades nas sete escolas municipais indígenas e na Escola Municipal Aurora Predroso de Camargo retornam amanhã.
Ações - Representantes da SES, Dsei de Mato Grosso do Sul, Ministério da Saúde e Sesai (Secretaria Especial Sanitária Indígena) vão promover vacinação anticovid a cerca de 3,8 mil alunos indígenas, com objetivo de reduzir casos da doença em localidades do Município de Dourados.
Ao todo, a SES informou que foram feitos 1,1 mil testes de antígeno, sendo que 125 constataram covid, cerca de 10%.
Maior parte dos casos analisados, 82%, foram da Aldeia Jaguapiru, 15% na Aldeia Bororó e 3% em acampamentos localizados em torno das aldeias. A pasta estadual ressalta que os municípios de Tacuru e Caarapó também estão em monitoramento, com ampliação de diagnóstico realizado pelo Dsei.
Em publicação no site de notícias do governo, a secretária-adjunta de Saúde, Crhistinne Maymone, ressaltou a urgência da criação da força-tarefa para atuar nas escolas indígenas douradenses. “Nós estamos acompanhando de perto este surto e propomos ao Grupo de Gerenciamento de Crise, que fosse feita a triagem e a vacinação dos alunos indígenas a partir de 12 anos ou mais nas 10 escolas pelos próximos oito dias úteis".
Esta ação se faz necessária, pois identificar novos casos, auxilia no monitoramento e mitiga a doença nesta região”, explicou.
O secretário nacional de Saúde Indígena, Robson da Silva, afirmou que a participação das lideranças são importantes para reduzir transmissão na região. “A Sesai de Brasília está dando o apoio e essa questão de surto que está previsto no contexto da pandemia. Assim, estamos unindo esforços com Estado e municípios para melhorar a nossa resposta".
Por fim, a secretária extraordinária de enfrentamento à covid-19 do Ministério da Saúde, Rosana Leite, explicou que a união das diferentes entidades promoverá a redução de casos. "Creio que vamos conseguir vencer esse caráter pandêmico da covid-19. Nós vamos ampliar as testagens e auxiliar na estratégia de vacinação dos indígenas”.
(*) Colaborou o repórter Helio de Freitas, de Dourados.