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Interior

“Barão das Drogas” pagava até 50 mil dólares para resguardar patrimônio

Propina era paga por Jarvis Pavão a órgãos de registros públicos e de tributação do Paraguai

Helio de Freitas, de Dourados | 10/07/2023 14:29
Agente da Senad em um dos endereços vasculhados em operação contra Pavão (Foto: Divulgação)
Agente da Senad em um dos endereços vasculhados em operação contra Pavão (Foto: Divulgação)

O clã do narcotraficante sul-mato-grossense Jarvis Gimenes Pavão, conhecido como “Barão das Drogas”, pagava propina de 20 mil a 50 mil dólares para funcionários de órgãos de registros públicos e de tributação do governo paraguaio para resguardar o patrimônio da organização, principalmente fazendas.

Os dados estavam em anotações e arquivos de computador apreendidos pela Polícia Federal na fase brasileira da Operação Pavo Real, deflagrada pela primeira vez em 2019 e em outras duas oportunidades, em 2020 e 2022.

A lista de propriedades e de pagamentos foi encontrada na cela de Jarvis Pavão na primeira edição da operação, em fevereiro de 2019, quando ele estava recolhido na penitenciária de segurança máxima de Porto Velho (RO).

Arquivo com lista semelhante foi encontrada em agosto de 2020 no computador do filho de Jarvis, Luan Pavão, preso na segunda fase da Pavo Real. A mãe, a irmã, o primo e o padrasto do narcotraficante também foram presos. Atualmente, todos estão soltos, mas Jarvis segue encarcerado, no presídio federal de Brasília.

Os dados apreendidos pela PF foram compartilhados com a Senad (Secretaria Nacional Antidrogas) e o Ministério Público do país vizinho, que hoje deflagrou a Pavo Real Paraguai, para prender 32 pessoas ligadas ao narcotraficante e confiscar 150 milhões de dólares em bens.

Empresa investigada por lavagem de dinheiro da organização de Pavão (Foto: Divulgação)
Empresa investigada por lavagem de dinheiro da organização de Pavão (Foto: Divulgação)

Conforme a Senad, até o início da tarde, 11 pessoas já tinham sido presas e cumpridos 27 mandados nos departamentos de Amambay e Central.

Em Pedro Juan Caballero, cidade separada por uma rua de Ponta Porã (MS) e onde funciona a principal estrutura da organização, foram 17 locais vasculhados e sete pessoas presas: o contador Jorge Fernando Mora Galeano, o advogado Daniel Montenegro Menezes, os representantes de empresas investigadas Raquel Amaro Fernández, Renan Gilberto Mora Benítez, María Cristina González Ibarra e Nancy Del Carmen Alfonso, além do também advogado Alfredo Duarte Montiel.

Daniel Montenegro, 51, é casado com a promotora de Justiça do Paraguai Katia Uemura. Quando os agentes chegaram à casa deles, foram recebidos a tiros, segundo a imprensa paraguaia. Armado com uma pistola, Daniel teria disparado na direção dos policiais, mas foi dominado e preso. A bala atingiu a parede.

No Departamento Central, foram presos o advogado Adrian Brizuela, Lilian Haydee Ayala de Silva (representante legal de empresa investigada), Gabriela Esther González Jacquet (contadora) e Carlos Oleñik Memmel (representante legal de empresas e operador financeiro).

Conforme a Senad, as buscas para localizar os procurados e apreender os imóveis confiscados continuam pelos próximos dias. A ação é encabeçada pelos promotores Osmar Segovia, Fabiola Molas e Ysaac Ferreira, do departamento de luta contra o crime organizado.

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