Chapadão do Sul decreta “lockdown” de 4 dias e manda população estocar alimentos
Prefeito avisa que supermercados vão ficar fechados e não haverá nem serviço de entrega
A Prefeitura de Chapadão do Sul, a 321 km de Campo Grande, decretou lockdown de quatro dias e já orientou a população a estocar alimentos,. A partir de sexta-feira (23), até a próxima segunda, estará em vigor decreto que determina fechamento até de supermercados, atividade considerada essencial.
A cidade está em bandeira vermelha, sendo que o grau mais alto do Prosseguir é o cinza, mas a justificativa do prefeito João Carlos Krug (PSDB) é de que somente na semana passada o município registrou nove óbitos relacionados à doença. Um deles foi de bebê de apenas 3 meses, que nasceu um mês antes da data prevista, em parto com a mãe intubada por conta da covid.
O prefeito também apontou que houve relaxamento por parte da população nas medidas de defesa contra o coronavírus.
Por isso, nem mesmo atividades de entrega serão permitidas pelos supermercados durante o período. “A gente entende que são essenciais, mas ouvimos o nosso comitê de covid e avaliamos que seja fechado. Fecha conveniência, mas mercado vende as mesmas coisas e está aberto. Então vamos fazer para todos”, explica.
O decreto publicado na terça-feira aponta que também ficam suspensas de 21 a 27 de julho festas, como aniversários, casamentos, batizados, reuniões familiares, e atividades esportivas, entre elas atividades físicas, como academias, estúdios ou quadras, campos e ginásio de esportes.
A partir de sexta-feira, ficam proibidas atividades em escolas, comerciais, entre elas supermercados, bares e conveniências, empresariais, de prestação de serviços, de serviços públicos, esportivas, recreativas e religiosas. Estão liberados comércios de fornecimento de medicamentos e de combustíveis, construção civil, agropecuárias e produção de derivados da cana-de-açúcar e milho. Restaurantes estão autorizados a funcionar, mas somente no sistema de delivery.
A Prefeitura também determinou multas para quem cometer infrações. Os valores vão de mil a R$ 10 mil para pessoas físicas e de R$ 5 mil a R$ 20 mil para estabelecimentos.
Revolta – O decreto revoltou representantes do comércio. O presidente da Amas (Associação dos Supermercados de Mato Grosso do Sul), Edmilson Verati, anunciou que vai acionar a Justiça contra o lockdown de quatro dias em Chapadão do Sul. A entidade tem 7 supermercados associados na cidade.
“Como o restaurante vai funcionar sem supermercados para abastecer? As usinas vão funcionar, que horas os trabalhadores vão comprar alimentos? Os motoristas em trânsito vão se alimentar como? Tem um estudo mostrando que, população sem alimentos e produtos de higiene é levada ao caos”, argumenta Verati..
Na avaliação da entidade, não há justificativa para uma medida tão “drástica e tardia”, justamente, quando Mato Grosso do Sul começa a flexibilizar ações por conta dos números que indicam queda de casos e de internações, com sobra de vagas em hospitais, além do avanço da imunização. Chapadão tem hoje 66,48% da população vacinada com a 1ª dose do imunizante.
Nem Dourados, município com decretos mais radicais até agora, fechou supermercados durante a pandemia, atividade considerada essencial.
“Faltou estudo, nada justifica uma atitude assim Vai causar caos na população. É totalmente arbitrário. Baseado em que estudo cientifico ele vai fechar tudo?”, questiona o presidente da Amas. Ele lembra que juridicamente o decreto também é contestável. “É atividade essencial. Fechou alimento e deixou farmácia e posto de combustível abertos... Como assim?”.
O presidente avalia que a posição pode ser eleitoreira porque "isso dá mídia”. “Mas é tão irresponsável. Qual o intuito de fazer isso sem ouvir a sociedade e tomar uma atitude que impacta na vida de 30 mil pessoas?”, questiona. Na análise dele, o prefeito vai conseguir superlotar cidades vizinhas. “Isso não vai segurar ninguém em casa. O que vai acontecer? A população vai aglomerar as cidades vizinhas. Goiás está a 40 quilômetros de Chapadão”, completa.