Cidade já arrecadou R$ 250 milhões em 2022, mas aspecto de abandono continua
Tapa-buraco e troca de lâmpadas começaram a andar no final do ano, mas matagal persiste
Maior cidade do interior de Mato Grosso do Sul, Dourados (a 233 km de Campo Grande) luta para sair literalmente do buraco e do matagal. Mesmo tendo arrecadado quase R$ 250 milhões nos dois primeiros meses de 2022, o município de 225 mil habitantes enfrenta dificuldades para resolver gargalos relativamente simples, como tapa-buraco, troca de lâmpadas queimadas e limpeza pública.
No comando de Dourados desde 1º de janeiro de 2021, o prefeito Alan Guedes (PP) vem sendo bombardeado pelos adversários por causa do aspecto de abandono da cidade.
Político jovem, o ex-vereador de 37 anos de idade paga o preço por ter assumido o município em frangalhos após os quatro anos da gestão anterior e ainda não conseguiu destravar ações importantes para a população.
Nos quatro cantos da cidade, é fácil perceber o motivo de tanta reclamação. A maioria das ruas, principalmente nos bairros, está tomada de buracos.
O mato cresce nos canteiros centrais, em terrenos públicos e parques ambientais. Sem equipe própria de trabalho, a prefeitura viu o matagal tomar conta depois de encerrada a contratação temporária de empresa terceirizada, feita no ano passado.
Como medida emergencial, a gestão municipal recorreu a convênio com o sistema penitenciário para contratação da mão de obra de presos e agora, tenta tirar do papel outra licitação de limpeza pública após suspender o processo por várias vezes no ano passado.
Nesta quinta-feira (3), o Campo Grande News percorreu bairros das regiões sul e oeste da cidade e a área central. Em todos os lugares, há ruas esburacadas e mato. Em alguns trechos, os carros precisam andar na contramão para desviar das crateras.
Na Vila Adelina, atrás da feira livre, os pés de arranha-gato começam a invadir a rua. Situação semelhante acontece na rua de acesso entre a Via Parque e o Jardim Novo Horizonte do Sul, na região oeste.
A cara de abandono de Dourados piorou depois do temporal de segunda-feira (28). Com vento de até 85 quilômetros por hora, 67 milímetros de chuva em duas horas e 11 mil raios, a tempestade derrubou pelo menos cem árvores.
Em vários pontos da cidade, ainda tem galhos e troncos caídos. Equipes da Guarda Municipal, da Defesa Civil e do Corpo de Bombeiros trabalham desde a noite de segunda-feira, mas a demanda é grande, segundo a prefeitura.
Escuridão – Se não bastassem os buracos e o mato, a escuridão impera em trechos inteiros das vias que cortam os bairros da segunda maior cidade de Mato Grosso do Sul.
Sem equipe própria para cuidar da manutenção, a prefeitura não consegue trocar as lâmpadas queimadas, apesar da arrecadação milionária com a taxa de iluminação pública cobrada junto com a conta de luz. Foram R$ 21,9 milhões em 2021 e são esperados R$ 23 milhões neste ano.
Nos bairros, os moradores afirmam que tem poste sem lâmpada há dois anos, apesar das seguidas reclamações feitas para a prefeitura. No final do ano passado, o município terceirizou o serviço e a troca de lâmpadas começou a deslanchar neste ano (leia abaixo).
Manutenção começa a andar – De acordo com a assessoria de imprensa da prefeitura, pelo menos 20 mil metros quadrados de tapa-buraco já foram feitos desde setembro do ano passado, quando a empresa terceirizada assumiu o serviço.
Contratada por licitação, a Rede Construções Ltda. disponibiliza mão de obra especializada e materiais para os reparos feitos em quatro frentes. Até a semana passada, a empresa já tinha atendido 124 dos 667 pontos incluídos no cronograma estabelecido no início do contrato.
Lâmpadas – Segundo a prefeitura, de 2 de dezembro de 2021 até agora, a empresa contratada para reestruturar a iluminação pública de Dourados já conseguiu atender 22% das solicitações em lista de espera.
A Secretaria Municipal de Serviços Urbanos tinha 6 mil pedidos de manutenção cadastrados, representando pelo menos 7 mil pontos sem iluminação. Desse total, 4.500 já foram resolvidos, conforme a prefeitura.
Atualmente, são três equipes trabalhando de dia e quatro equipes à noite. A meta da secretaria é consertar 3.200 pontos por mês. A prefeitura disponibiliza o Disk-Lâmpadas através do número (67) 3424-8620 (fixo e WhatsApp) para receber reclamações de lâmpadas queimadas. O prazo é de até dez dias úteis para o conserto.
Limpeza – Atualmente, o serviço de limpeza pública, incluindo roçada e capina, é feito por presos do regime semiaberto através de convênio firmado pela prefeitura com o sistema penitenciário estadual.
A reportagem apurou que, nos próximos dias, a prefeitura deve publicar nova licitação para contratar empresa terceirizada para assumir a limpeza pública. Pendências com o TCE (Tribunal de Contas do Estado) que atrasaram o processo foram resolvidas.