Com orçamento de quase 1 bi, Corumbá não tem ambulância para transportar doentes
Prefeitura afirma que vai consertar uma, alugar outra e comprar uma terceira para suprir necessidade
Só há uma ambulância de transporte avançado para levar pacientes de Corumbá, que tem 96.268 habitantes segundo o último Censo do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), até hospitais de cidades onde atendimento mais complexo está disponível. Quebrado há seis dias, no entanto, o veículo não pode transportar nenhum morador do município com receita de R$ 966 milhões para gastar em 2023.
Questionada pelo Campo Grande News, a secretária de Saúde de Corumbá, Beatriz Assad, disse que a ambulância "está voltando". A assessoria de imprensa completou a resposta, explicando que a previsão é de o veículo ser liberado de oficina mecânica no início da tarde desta terça-feira (12).
A "ambulancioterapia", esse vai e vem de pacientes de um município a outro, tem sido remédio para suprir a demanda por atendimentos cuja complexidade não estão disponíveis da Santa Casa de Corumbá, único hospital que atende pacientes do SUS (Sistema Único de Saúde) do município.
Funcionário de lá que prefere não se identificar confirmou à reportagem que "a demanda de transporte é realmente muito grande" no município. Corumbá está localizada na fronteira do Brasil com a Bolívia e se insere no Pantanal, onde há comunidades ribeirinhas que também dependem do atendimento do SUS.
Empréstimo - Uma mulher grávida de gêmeos teve um sangramento em 8 de setembro e precisou esperar para ser transportada até Campo Grande, a 419 quilômetros de Corumbá. Segundo a assessoria de imprensa da prefeitura, a paciente foi levada por ambulância avançada emprestada do município de Miranda. O veículo percorreu, ao todo, mais de 600 quilômetros para deixar a gestante em uma instituição de saúde pública da Capital.
O jornal local Capital do Pantanal denunciou, ainda, o caso de um homem internado no CTI (Centro de Terapia Intensiva) da Santa Casa Corumbá, que precisava da ambulância. "A família pediu apoio em redes sociais e enviaram uma ambulância de Miranda. O homem já havia conseguido vaga no hospital da Capital. Faltava apenas o transporte, que acabou sendo resolvido", diz trecho da notícia.
Demora - A demora no conserto da ambulância se deve à recusa de empresa contratada por R$ 3.822.017,53, de acordo com extrato publicado no Diário Oficial da União, em prestar serviço de manutenção aos veículos da frota municipal de Corumbá. A justificativa também é da assessoria de imprensa.
A prestadora de serviços é a QFrotas. De acordo com a prefeitura, a empresa não quis assumir a manutenção dos veículos da saúde de Corumbá por meio de contrato, alegando “motivos supervenientes e alheios a sua vontade”.
Sendo assim, foi notificada no Diário Oficial do Município em 29 de agosto para apresentar defesa quanto à recusa, que obrigou o Município a firmar contrato emergencial com outra interessada para garantir o conserto da ambulância e dos demais veículos pertencentes à Secretaria Municipal de Saúde.
Caso não apresente defesa consistente, a QFrotas terá o contrato rescindido e poderá ser penalizada. O Campo Grande News tentou entrar em contato com a empresa, que não atendeu as ligações nem respondeu mensagem.
Compra de ambulância - Um grupo de 12 vereadores se mobilizou para atender à demanda do município e viabilizou R$ 600 mil em emendas parlamentares para a compra de mais uma ambulância de suporte avançado. Somada à que está em manutenção, serão então dois os veículos desse porte disponíveis para o transporte de pacientes.
Além disso, a prefeitura vai lançar processo licitatório para alugar outra ambulância de nível avançado. "A sessão está marcada para a próxima quarta-feira, dia 13. Há ainda outro processo para aquisição de uma nova ambulância tipo D, cujo processo para licitação da compra será publicado nesta semana", assegurou em nota a assessoria de imprensa da Prefeitura de Corumbá.
Fora a ambulância que está no conserto, o município tem outras quatro para uso nos limites da cidade. Três delas são utilizadas pelo Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) e uma é de nível básico, reservada para fins sanitários.
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