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Interior

Comandante da PM diz que ação de despejo de sem-terra foi “dentro da lei”

Tenente-coronel disse que acordo de duas horas foi respeitado e funcionários de usina fizeram serviço que não cabe a policiais

Helio de Freitas, de Dourados | 15/12/2015 14:32
Sem-terra enrolam rola de barraco desmontado durante reintegração de fazenda arrendada por usina de Bumlai (Foto: Eliel Oliveira)
Sem-terra enrolam rola de barraco desmontado durante reintegração de fazenda arrendada por usina de Bumlai (Foto: Eliel Oliveira)

O comandante da Polícia Militar em Dourados, tenente-coronel Carlos Silva, negou ação truculenta da tropa que acompanhou nesta terça-feira (15) o cumprimento da reintegração de posse da Fazenda São Marcos. Segundo ele, a operação na propriedade, localizada na margem da BR-463, próximo ao acesso a Laguna Carapã, foi “dentro da lei”.

A fazenda está arrendada por Fernando de Barros Bumlai, filho do pecuarista José Carlos Bumlai, para plantio de cana usada na Usina São Fernando. A área estava ocupada há duas semanas por trabalhadores rurais ligados ao MSTB (Movimento dos Sem-Terra do Brasil). No dia 9 deste mês a juíza Larissa Ditzel Cordeiro Amaral, da 8ª Vara Cível de Dourados, determinou a reintegração de posse.

“Os policiais militares agiram conforme determina a lei e amparados pela Justiça. Quem cumpriu o mandado de reintegração foi o oficial de Justiça, que estava ali para fazer cumprir uma determinação judicial. Não houve nenhuma ilegalidade”, afirmou Carlos Silva ao Campo Grande News.

Um dos líderes do MSTB no acampamento, identificado apenas como Douglas, disse à reportagem que nesta terça foi feito um acordo para que os sem-terra desmontassem os acampamentos num prazo de duas horas. Entretanto, afirmou que o prazo não foi cumprido e funcionários da usina entraram no acampamento e destruíram os barracos.

O oficial da PM rebateu o líder sem-terra e disse que houve um tempo ainda maior que as duas horas do acordo. “A Polícia Militar e o oficial de Justiça chegaram ao local às 6h. Os barracos só começaram a ser desmontados depois das 8h. Além disso, eles já tinham sido notificados pela Justiça, tinham conhecimento que deveriam ter desocupado a área, como a juíza determinou”.

Mais barracos que gente – Carlos Silva afirmou ainda que os sem-terra tentaram arregimentar mais pessoas para o acampamento. “Monitoramos o local e ontem tinha menos acampado que hoje. Quando chegamos para cumprir a ordem, percebemos que existiam mais barracos que gente”.

Ele também negou ilegalidade no uso de um ônibus da São Fernando para transporte da tropa de choque ao local e a participação dos funcionários da indústria no desmonte dos barracos.

“Toda vez que a Polícia Militar faz a reintegração de posse de uma área particular cabe ao proprietário da área, ou ao responsável, no caso o arrendatário, fornecer transporte e alimentação da tropa. Também cabe ao proprietário fornecer condições para remoção das famílias e a contratação de trabalhadores para desmontar os acampamentos. Como a usina já tem seus funcionários, usou sua própria equipe”, explicou o comandante da PM.

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