Condenado por tráfico, empresário de MS perde recurso e fica preso
De família tradicional de Dourados, Ricardo Toko está preso em São Paulo desde dezembro
O empresário sul-mato-grossense Ricardo Toko, 50, preso em dezembro do ano passado no interior paulista com 31 quilos de cocaína e 50 cartuchos de calibre 9 milímetros, já perdeu dois recursos no STJ (Superior Tribunal de Justiça) e vai continuar na cadeia.
De família tradicional e muito conhecido em Dourados, cidade a 233 km de Campo Grande, Ricardo Toko foi condenado recentemente a oito anos e cinco meses de prisão em regime inicialmente fechado.
O juiz Francisco José Dias Gomes, da 2ª Vara Judicial de Pizapozinho (SP), também determinou o pagamento de 651 dias-multa no valor mínimo legal, punição prevista na Lei de Drogas, de 2016. Definido na sentença em R$ 21,6 mil, o valor é destinado ao Fundo Penitenciário Nacional.
Todas as apelações feitas pela defesa na primeira instância foram negadas, assim como os recursos impetrados no Tribunal de Justiça de São Paulo e no STJ (Superior Tribunal de Justiça), que negou habeas corpus em maio e mais recentemente no dia 30 de junho. Os dois pedidos foram indeferidos pelo relator do caso, o ministro Félix Fischer.
Suborno – A sentença à qual o Campo Grande News teve acesso neste sábado (25) cita suposta tentativa de Ricardo Toko em subornar o delegado da Polícia Civil paulista para escapar do flagrante, lavrado no dia 18 de dezembro de 2019.
Depois de o empresário ser levado para a delegacia, um investigador procurou o delegado para informar que o preso “mostrou interesse” em manter contato com a autoridade policial.
“Desconfiando de uma possível proposta de propina, avisou o Ministério Público e sua diretora regional, bem como preparou o seu celular para gravar a conversa. O acusado fez uma proposta, sem revelar valores, para o depoente se omitir na prisão em flagrante”, afirma trecho da sentença.
Entretanto, Ricardo Toko não foi condenado pela tentativa de suborno. O juiz afirmou que houve a gravação da conversa entre o acusado e o delegado de polícia sugerindo “alguma forma” para se livrar da prisão, mas julgou não ser possível determinar efetivamente que houve a promessa de valor em troca da “conduta omissiva da autoridade policial”.
Ricardo Toko confessou o crime. Disse que estava transportando a droga de Mato Grosso do Sul e que tinha recebido R$ 15 mil adiantados e receberia mais R$ 15 mil na entrega. A sentença não cita onde a cocaína seria entregue. O empresário alegou que a munição era sua, mas negou que tivesse feito qualquer proposta ao delegado.
Ricardo Toko foi transferido recentemente para o presídio de Presidente Prudente (SP). Ele poderá pedir progressão para o regime semiaberto em novembro de 2022.
A prisão – A prisão de Ricardo Toko ocorreu na SP- 272, a Rodovia Olímpio Ferreira da Silva, no município de Pirapozinho. Ele foi flagrado em trabalho conjunto da Polícia Federal e PRF (Polícia Rodoviária Federal) com apoio da Polícia Militar Rodoviária paulista.
Inicialmente os policiais encontraram a caixa de munição no porta-luvas da caminhonete conduzida por ele, uma Toyota Hilux preta. Como Toko já vinha sendo investigado, os policiais vistoriaram o veículo e encontraram a cocaína no estepe.
No dia 25 de maio do ano passado, Ricardo Toko e a mulher dele tinham sido detidos pela PRF no Rio de Janeiro com R$ 700 mil em espécie. O dinheiro em vários pacotes estava na caminhonete parada na Rodovia Presidente Dutra, que liga o Rio de Janeiro a São Paulo. Eles foram soltos, mas o empresário passou a ser monitorado por serviços de inteligência policiais.
Poucas semanas antes de ser preso com a cocaína, outro indício levantou fortes suspeitas contra o douradense. Entre outubro e novembro de 2019, Ricardo Toko foi parado duas vezes pela PRF em Dourados sem o estepe da caminhonete. A polícia acredita que nesses dias a roda sobressalente estava sendo preparada para transportar droga.
Dono de empresa em Dourados e Guia Lopes da Laguna e herdeiro de fazendas na região, Ricardo Toko é de família muito conhecida em Dourados, onde por muitos anos manteve uma mecânica de veículos na área central.