Condomínio de fazendas teme ampliação de invasão indígena em Corumbá
A invasão de duas propriedades por indígenas, desta vez em Corumbá, a 419 quilômetros de Campo Grande, preocupa um grupo de produtores rurais do condomínio Nabileque, um complexo de 12 fazendas na região do Pantanal.
Invadidas há mais de 40 dias por indígenas da etnia Kadiwéu, as fazendas Limoeiro e Ressaco, que integram o complexo, levam os demais proprietários a temer que a “omissão” das autoridades diante de mandatos de reintegração de posse incentive os indígenas a ampliar a área da invasão para todo o condomínio. O pedido de reintegração de posse já havia sido concedido em outubro do ano passado, mas os índios voltaram a invadir a propriedade.
O condomínio tem 726 mil hectares, destes, 155 mil são reivindicados pela etnia Kadiwéu, o que corresponde a oito fazendas. Atualmente, os índios ocupam 35 mil hectares da Limoeiro e na Ressaco, ambas adquiridas pelo produtor rural Rovilson Alves Correia na década de 60.
Ontem, o dono de duas fazendas do condomínio, Roberto Coelho, participou de uma reunião com as lideranças que promoveram a invasão. Segundo ele, 20 produtores rurais foram recebidos pelos indígenas. Correia preferiu não participar do encontro.
“Alguns proprietários já tinham conversado individualmente com os indígenas em outras ocasiões, mas, em conjunto, foi a primeira vez”, conta. “Nós mesmos optamos por promover esse encontro porque a Funai não cumpre os mandatos de reintegração de posse, e essa omissão da Polícia Federal em fazer cumprir determinações da Justiça nos leva a tomar providências por conta própria”, acrescenta.
O advogado de Correia e de outras seis fazendas do Nabileque, Carlos Fernando de Souza, há 30 dias entrou com nova liminar de reintegração de posse na 2ª Vara Federal de Campo Grande, e aguarda resposta da solicitação. Para o advogado dos produtores, a reivindicação dos índios é inconsistente porque a área de litígio foi adquirida em 1921.
Terceira invasão – Esta é a terceira vez que a Limoeiro é invadida. A primeira vez foi em março de 2011, a segunda em agosto deste ano. Nesta ocasião, uma comunicação foi encaminhada ao ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, requerendo providências. Os indígenas saíram da propriedade, mas voltaram há cerca de 40 dias.
“A ação demonstra que os indígenas descumpriram acordo com o ministro José Eduardo Cardozo, quando afirmaram que não haveria novas invasões até o desfecho das negociações de compra no Estado”, ressaltou Souza. Também lembrou que o acordo prevê que as propriedades invadidas serão desconsideradas para a compra.
Conforme a Famasul (Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de MS), existem 79 propriedades invadidas no Estado, 21 destas após o acordo firmado entre produtores, indígenas e o ministro da Justiça, que em visita à Campo Grande, garantiu apontar soluções para os conflitos agrários. Até agora, as negociações continuam paradas.