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Interior

Contador teria montado esquema para desviar verba da merenda escolar

Desvio de R$ 1 milhão investigado na Operação Midas foi descoberto durante fiscalização da CGU, após sorteio

Helio de Freitas, de Dourados | 04/04/2017 11:50
Promotores e delegados da PF durante entrevista coletiva, em Ponta Porã (Foto: Tião Prado)
Promotores e delegados da PF durante entrevista coletiva, em Ponta Porã (Foto: Tião Prado)

Duas empresas que vendem gêneros alimentícios em Ponta Porã foram usadas no esquema que desviou pelo menos R$ 1 milhão em verba da merenda escolar no município de Paranhos, a 469 km de Campo Grande, na fronteira com o Paraguai.

A fraude envolvendo processos de licitação foi montada por um contador que trabalhava para a prefeitura daquela cidade e para as duas empresas.

O contador é uma das pessoas investigadas na Operação Toque de Midas, desencadeada nesta terça-feira (4) em uma força-tarefa envolvendo o Grupo Especial de Combate à Corrupção do Ministério Público de Mato Grosso do Sul, a Polícia Federal, o MPF (Ministério Público Federal) e a CGU (Controladoria Geral da União).

Durante entrevista coletiva para falar sobre a operação, realizada no quartel do Exército em Ponta Porã, promotores e delegados informaram que a fraude começou a ser descoberta durante uma fiscalização rotineira da CGU no município de Paranhos, feita após sorteio. Os nomes dos envolvidos não foram divulgados.

De acordo com a força-tarefa, a organização criminosa especializada em desviar recursos públicos e fraudar licitações tinha a conivência e participação de servidores públicos de Paranhos.

O Campo Grande News apurou que durante as buscas, hoje de manhã, os policiais e promotores foram na sede da prefeitura e em uma padaria da cidade, mas os detalhes do trabalho não foram revelados.

As irregularidades investigadas teriam ocorrido na administração do ex-prefeito Júlio César de Souza (PDT), que entregou o cargo em janeiro deste ano para Dirceu Betoni (PSDB). A força-tarefa não revelou, entretanto, se o ex-prefeito também é investigado. Ele foi procurado pela reportagem, mas não se manifestou.

A força-tarefa informou na coletiva que os oito mandados de busca e apreensão e um de condução coercitiva foram cumpridos e que agora o trabalho se concentra na perícia de documentos e arquivos de computador apreendidos.

O esquema – De acordo com a PF e o MP, as investigações revelaram montagem e manipulação de documentação em licitações e a prática do chamado sobrepreço.

Foram usadas certidões e assinaturas falsas com a manipulação de informações em procedimentos licitatórios para compra de alimentos com recursos do PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar) e contrapartida municipal. Entretanto, boa parte do recurso teria sido desviada.

A força-tarefa também sequestrou hoje pelo menos R$ 400 mil das contas da padaria de Paranhos e das duas empresas de Ponta Porã. Os mandados foram expedidos pelas justiças federal e estadual e cumpridos por 50 policiais federais e servidores da CGU. (Colaborou Tião Prado, de Ponta Porã)

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