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Interior

Delegado acusado de matar boliviano tentou destruir celular ao ser preso

"Você sabe qual é a praxe nesses casos, né", disse Fernando Araújo Junior, no momento em que foi preso e tentou destruir aparelho; mulher dele tentou fugir e mordeu dois policiais

Geisy Garnes | 31/03/2019 13:28
Operação foi realizada na sexta-feira (Foto: Anderson Gallo/Diário Corumbaense)
Operação foi realizada na sexta-feira (Foto: Anderson Gallo/Diário Corumbaense)

O delegado da Polícia Civil preso na sexta-feira (29) por assassinar um boliviano dentro de uma ambulância, em fevereiro deste ano, tentou quebrar o celular na frente de policiais da DEH (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Homicídio) e do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros).

A tentativa de destruir provas aconteceu na manhã de sexta-feira, quando equipes das delegacias cumpriam mandados de prisão temporária e busca e apreensão contra ele em Corumbá – a 446 quilômetros de Campo Grande.

Conforme apurado pela equipe de reportagem, o delegado Fernando Araújo da Cruz Junior, de 34 anos, foi surpreendido pelos policiais por volta das 7 horas. Ele recebeu a equipe “cordialmente”, avisou a mulher Sílvia Aguilera e a babá sobre a ação dos policiais, e contou que sua arma estava guardada no quarto.

Ele levou três policiais até o cômodo e apontou onde a guardava, em um compartimento alto do guarda-roupa. Enquanto os investigadores apreendiam a arma, Fernando se aproximou do criado-mudo ao lado da cama e falou: “Você sabe qual é a praxe nesses casos, né?”. Em seguida bateu o celular no móvel.

Fernando ainda tentou quebrar o celular no joelho, mas antes de destruir completamente o aparelho foi impedido por um dos investigadores, enquanto o outro retirou o celular de suas mãos. Revoltado gritou que era delegado e mandou os policiais “tirarem a mão dele”. Fernandofoi algemado.

O “ataque” do delegado não foi a única dificuldade encontrada pelos policiais durante o cumprimento dos mandados. Se inicialmente a esposa do delegado concordou em acompanhar as buscas em sua casa, no meio da operação mudou de ideia e saiu correndo da residência com a filha mais nova no colo.

No meio da rua, ela entrou no carro de um desconhecido e pediu carona, mas foi alcançada por um dos policias. Sílvia desceu e mais uma vez tentou fugir, sendo novamente impedida pelo investigador, que a segurou pelo braço. Para se soltar, a mulher agrediu e mordeu o braço do policial.

Outros policiais correram para ajuda a conter a mulher, entre eles o delegado Fabio Peró, do Garras. Descontrolada, Sílvia ainda mordeu a mão do delegado antes de ser algemada por ele e levada de volta para casa. O caso foi registrado na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Corumbá com lesão corporal.

Marcas de sangue dentro de ambulância (Foto: Clave 300)
Marcas de sangue dentro de ambulância (Foto: Clave 300)

Entenda - Segundo as investigações, o delegado esfaqueou e matou a tiros Alfredo Rangel Weber, de 48 anos, no dia 23 de fevereiro. A desavença entre os dois começou durante as eleições para presidente da associação de agropecuaristas na Bolívia, onde o sogro de Fernando, Asis Aguilera Petzold (o atual prefeito da cidade de El Carmen), concorria ao cargo.

Alfredo, que apesar do envolvimento com o narcotráfico, era conhecido como pecuarista na região, participou das eleições e foi para a festa de um amigo. No fim do dia voltou ao local em que as votações aconteciam e encontrou Sílvia Aguilera, que já foi casada com Odacir Santos Corrêa, ex-sócio do boliviano, preso pela Policia Federal durante a Operação Nevada, em 2016.

Ao ver a mulher, Alfredo teria cobrando dívidas do ex-marido dela e ameaçado os filhos do casal de morte. Os dois discutiram e a confusão foi separada por Asis, que ao lado de Fernando, sentou-se em uma mesa para conversar com Alfredo. Se aproveitando do momento, o delegado teria levantado, se armado com uma faca e desferido pelo menos três golpes nas costas de Alfredo. O homem foi levado para um hospital local, mas devido a gravidade transferido para Corumbá.

Já em território sul-mato-grossense a ambulância foi fechada por uma caminhonete preta, cabine simples. O motorista desceu do veículo, foi até o veículo, abriu a porta e atirou quatro vezes. Três tiros atingiram a cabeça da vítima, um deles o tórax. Sem ter o que fazer, o motorista voltou com o corpo para o país vizinho.

Principal suspeito do crime na Bolívia, Fernando, que era titular da DAIJI (Delegacia de Atendimento à Infância, Juventude e do Idoso) de Corumbá, também se tornou alvo da polícia brasileira. Na sexta-feira uma operação da Corregedoria de Polícia Civil, com apoio da DEH e do Garras, resultou em sua prisão. O caso segue em investigação.

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