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Interior

Delegado e advogada são acusados de montar 3 esquemas para narcotráfico

Por meio de interceptações telefônicas, Gaeco identificou mais um "núcleo de atuação" que teria participação deles

Silvia Frias | 16/09/2019 11:35
Carlos Geraldo, que seria o distribuidor, é monitorado no dia da prisão (Foto/Reprodução)
Carlos Geraldo, que seria o distribuidor, é monitorado no dia da prisão (Foto/Reprodução)

Além do furto de 101 quilos de cocaína da delegacia da Polícia Civil de Aquidauana, o delegado Eder Oliveira Moraes e a advogada Mary Stella Martins de Oliveira também integrariam, pelo menos, outros dois esquema de tráfico de drogas na região. Agora, eles foram denunciados por "participação essencial" na quadrilha liderada por Sandra Ramona da Silva, 40 anos.

Os esquemas foram descobertos a partir de interceptações telefônicas feitas pelo Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).

Segundo a denúncia, os dois facilitaram as ações da quadrilha liderada por Sandra Ramona da Silva, 40 anos, presa em março deste ano. A participação dos dois era essencial para a atividade criminosa desenvolvida por Sandra em Aquidauana e Anastácio. Esta é a segunda denúncia oferecida contra o delegado, o terceiro esquema identificado a partir das investigações. 

O primeiro inquérito foi aberto no dia 6 de fevereiro deste ano para investigar tráfico de drogas, organização criminosa e corrupção passiva, a pedido do MPE de Aquidauana. Na 3ª Vara Criminal passou a tramitar medida cautelar de interceptação telefônica para apurar tráfico de drogas, em inquérito presidido por Eder Oliveira Moraes.

Carlos é preso por equipe da PM logo depois de sair da casa de Sandra (Foto/Reprodução)
Carlos é preso por equipe da PM logo depois de sair da casa de Sandra (Foto/Reprodução)

A investigação paralela identificou a ligação do delegado com esquema criminoso e a promotoria encaminhou o material ao Gaeco. A partir destas informações, foram deflagradas as operações que resultaram, em junho, na prisão de 12 investigados no furto da cocaína e, posteriormente, em julho, dos suspeitos detidos na Operação Balcão de Negócios.

O Gaeco identificou, então, três núcleos de atuação de crimes independentes, sendo este o segundo com denúncia oferecida à Justiça.

Esquema – Investigadores desconfiavam de vazamento interno, pois nunca conseguiam prender Sandra em flagrante, conhecida na região pelo narcotráfico. Somente a partir da interceptação é que ela foi detida, no dia 26 de março deste ano, dentro da casa que funcionava com ponto de venda.

Estão detidos Weslei de Almeida Velasco, 34 anos, companheiro da líder do esquema; Jonathan Roberson Silva de Oliveira Barbosa, o “Chuca”, 25 anos, filho de Sandra; Carlos Geraldo Pereira, o “Corumbá”, 27 anos, identificando como principal distribuidor de drogas; Nei Ramão de Souza Alviço, 44 anos, ex-companheiro de Sandra; Pedro Henrique de Carvalho, o “Pedro Dumbo”, 23 ano; responsável pela ocultação e gerenciamento da droga; Lucas Wesley de Souza Santos, o “Pastor”, 24 anos, auxiliava Sandra na revenda; Geovanna dos Santos Giroto, 20 anos, mulher de Jonathan.

O grupo foi monitorado de setembro de 2018 a julho de 2019, sendo identificado esquema de tráfico de drogas em Aquidanana e Anastácio.

Conforme o Gaeco, a alegada proteção foi constatada em ligação interceptado em outubro de 2018, depois da prisão do companheiro de Sandra, Weslei Velasco. Mary Stella disse que seria difícil liberá-lo, pois “infelizmente não caiu na mão do Dr. Eder”.

Desconfiados de que estavam sendo monitorados, as conversa passam a ser por WhatsApp, porém, em novembro, o grupo voltou a relaxar. Mesmo assim, a droga é tratada de forma cifrada: “só quer uma”, “salgado”, “peixe”, “óleo”, “uma caixa”, “balas”, “doce de leite” são alguns dos termos usados.

Na denúncia feita pelo Gaeco, a advogada Mary Stella é flagrada em várias ligações com os suspeitos de integrar a quadrilha.

Delegado e advogada teriam participações "essenciais" no esquema (Foto/Reprodução)
Delegado e advogada teriam participações "essenciais" no esquema (Foto/Reprodução)

Há, ainda, conversas com Sandra, presa no Instituto Irmã Irma Zorzi, em Campo Grande, sobre pagamentos e os flagrantes posteriores, como a apreensão do filho de 16 anos, no dia 14 de junho, encontrado em casa com 277 gramas de pasta base de cocaína, 25 gramas de cocaína e objetos usados para embalar e pesar a droga.

Sandra, Mary Stella e Nei ainda tratariam da liberação de veículo da líder da quadrilha, apreendido no dia da prisão, em março. No combinado, a advogada disse que apresentaria uma terceira pessoa, que diria à Polícia Civil ser a verdadeira dona do veículo. O objetivo era recuperar o bem, revender e angariar cerca de R$ 18 a R$ 19 mil para movimentar o narcotráfico.

Em depoimento prestado em julho, Sandro negou participação nos crimes, dizendo que sua fonte de renda é a venda de produtos vindos do Paraguai, como pen drives e fones de ouvido.

O MPE ofereceu denúncia contra o grupo, por infrações previstas na Lei 12.850/13 (organização criminosa). A denúncia foi aceita no dia 1º de agosto pelo juiz Ronaldo Gonçalves Onofri, da Vara Criminal de Aquidauana.

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