Depoimento por videoconferência abre 3º dia de julgamento de índios
Ex-chefe da Funai e índio arrolado como testemunhas estão em Dourados e depõem no júri que acontece desde terça em São Paulo
O julgamento de cinco índios acusados de assassinar dois policiais a tiros, pauladas e facadas e deixar outro gravemente ferido entra no terceiro dia nesta quinta-feira (6), no Tribunal do Júri do TRF (Tribunal Regional Federal) da 3ª Região, em São Paulo.
Os crimes, conhecidos como “Chacina de Porto Cambira”, ocorreram no dia 1º de abril de 2006 em Dourados, a 233 km de Campo Grande, mas o julgamento foi transferido para a capital paulista em 2016, por decisão do próprio TRF.
A Polícia Civil informou na época que os policiais civis Ronilson Magalhães Bartie, 36, Rodrigo Lorenzatto, 26, e Emerson José Gadani, na época com 33 anos, foram atacados pelos índios quando procuravam o suspeito de um homicídio ocorrido dias antes em Dourados, supostamente escondido no acampamento indígena Paso Piraju.
Já os índios afirmam que os policiais teriam sido contratados por fazendeiros para expulsá-los das terras e que agiram em legítima defesa.
Duas testemunhas arroladas pela defesa serão ouvidas nesta manhã, o índio Tonico Benitez e a assistente social Margarida Nocoletti, ex-chefe da Funai em Dourados. Os dois serão ouvidos na sede da Justiça Federal em Dourados e os depoimentos transmitidos por videoconferência para o Tribunal do Júri em SP, onde estão quatro dos cinco réus – o quinto está foragido.
Nesta quarta-feira, segundo dia do júri, a juíza federal Andreia Moruzzi, que preside o julgamento, ouviu os depoimentos do policial Emerson Gadani, atualmente aposentado, e testemunhas de defesa, entre elas os antropólogos Jorge Eremites de Oliveira e Marcos Homero Ferreira, este servidor do Ministério Público Federal.
Ainda nesta quinta-feira ocorrem os depoimentos dos quatro réus presentes – o cacique Carlito de Oliveira, 73, seu filho Lindomar Brites de Oliveira, Jair Aquino Fernandes e Paulino Lopes.
O quinto réu nesse processo, Ezequiel Valensuela, está foragido. Entretanto, como houve uma mudança na lei, mesmo o réu considerado foragido pode ser levado a júri, segundo o advogado douradense Maurício Nogueira Rasslan, assistente da acusação.
Hoje também ocorrem os debates entre a acusação, feita pelo MPF e por Maurício Rasslan, e os advogados da defesa, contratados pela Funai e pelo Cimi (Conselho Indigenista Missionário). A previsão é de que o julgamento termine amanhã à noite.