Dezesseis garotos confirmam relação com homossexual soropositivo
Pelo menos 16 adolescentes com idade entre 14 e 16 anos já prestaram depoimento no 1º Distrito Policial de Dourados (a 233 km de Campo Grande) e confirmaram que mantiveram relações sexuais com Jeferson Porto da Silva, 33, preso domingo acusado de incitar os garotos à prostituição. Todos que já foram ouvidos confirmam terem recebido dinheiro de Jeferson, que pagava de R$ 30 a R$ 50 a cada encontro. A polícia suspeita que ele tenha aliciado mais de 200 meninos nos últimos três anos.
Ele estava sendo investigado desde o início de agosto, depois que a mãe de um adolescente encontrou conversas do menor com o acusado numa rede social e procurou a polícia.
A delegada Marina Lemos, responsável pelas investigações, disse que alguns garotos afirmam terem sido atraídos por Jeferson através do perfil falso que ele mantinha no Facebook, usando o nome de Jéssica Alessandra. Segundo a policial, se passando por mulher, Jeferson atraía os garotos até sua casa, na rua W-6, no Jardim Água Boa, e quando os garotos chegavam ao local ele os convencia a fazer sexo com ele em troca de dinheiro.
“O que os garotos contam é que alguns ele atraía com o nome de Jéssica, já com outros ele nem precisava desse subterfúgio, mas sempre da mesma forma, levando os garotos para a casa dele ou num terreno baldio”, afirmou a delegada. Jeferson mora com a mãe e, segundo a polícia, levava os adolescentes para os fundos da residência, onde fica a lavanderia, sempre após as 22h, quando a mãe já estava dormindo.
Soropositivo e homossexual assumido, Jeferson Porto da Silva é servidor público municipal concursado e contou à polícia que há três anos atraía os garotos para sexo, oferecendo dinheiro. Quando foi preso na manhã de domingo os policiais encontraram com ele um exame falso, atestando que não tinha doença sexualmente transmissível. A delegada disse que Jeferson contou que ele próprio fez a falsificação.
Medo dos pais – Marina Lemos afirmou ao Campo Grande News que alguns garotos ouvidos até agora procuraram a delegacia acompanhados da mãe. Outros vão sozinhos e são ouvidos na companhia de um curador, nomeado no momento pela delegada. “Alguns preferem que os pais nem fiquem sabendo. Eles vão, pede pelo amor de Deus para o pai não ficar sabendo, querem fazer os exames, mas como são menores de idade não vão poder fazer esses exames sem os pais. Um foi com a mãe, mas não quis que ela estivesse presente no depoimento dele. Eles não querem falar na frente dos pais”.
Jeferson também mantinha relações com homens adultos e alguns casados. Ele mantinha dois perfis no Facebook, um se passando por “Jéssica Alessandra”, que ele usava para atrair os adolescentes, e outro com seu nome verdadeiro, através do qual ele se comunicava com homens adultos. O relacionamento dele com homens adultos não é o principal objetivo da investigação, mas a polícia alerta que as pessoas que tiveram contato sexual com Jeferson podem ter se infectado, já que ele é soropositivo.
Com prisão preventiva decretada pelo juiz César de Souza Lima, da 2ª Vara Criminal, Jeferson é acusado de favorecimento à prostituição, pedofilia prevista no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), crime de perigo de contágio de moléstia grave e falsificação de documento. Até agora a polícia não conseguiu localizar nenhum garoto menor de 14 anos que tenha sido aliciado por Jeferson. Se aparecer alguma “vítima” nessa faixa etária ele deve ser indiciado também por estupro de vulnerável.
Jeferson está recolhido em uma cela isolada do 1º Distrito Policial, mas será levado para a Phac (Penitenciária de Segurança Máxima Harry Amorin Costa) na sexta-feira, quando a delegada deve concluir o inquérito.
Ontem à tarde, a defesa de Jeferson Porto da Silva divulgou nota afirmando serem inverídicas as acusações feitas pela Polícia Civil. A advogada Sebastiana Roque Ribeiro informou que já está tomando providências jurídicas para esclarecer a situação. “As acusações que estão sendo veiculadas via imprensa, até o presente momento, não foram comprovadas, haja vista que o inquérito policial ainda está em andamento. A defesa trabalha no sentido de esclarecer todos os pontos que pesam sobre o indiciado”.
A advogada ainda afirmou através da nota que Jeferson Porto da Silva encontra-se em tratamento médico ambulatorial por ter, segundo ela, sofrido abuso sexual na infância “e desde então se submete a rigoroso tratamento clínico-psicológico”. Ela não revelou detalhes de como teriam sido esses abusos, nem que os praticou.
Marina Lemos disse estranhar as declarações da advogada. “A advogada dele estava presente no interrogatório e presenciou ele confirmando e confessando que mantinha relação com esses meninos por dinheiro. Ela estava lá no interrogatório dele”. O computador e o celular que Jeferson usava para acessar as redes sociais e manter contato com os garotos foram apreendidos e encaminhados para perícia, em Campo Grande.