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Interior

Dias de medo e revolta para parentes de vítimas do Maníaco da Cruz

Paula Vitorino | 04/03/2013 11:10
Dionathan na Unei de Ponta Porã.
Dionathan na Unei de Ponta Porã.

Parentes das vítimas do Maníaco da Cruz vivem momentos de insegurança desde a manhã desse domingo (03), quando foram surpreendidos pela notícia de que o jovem, Dionathan Celestrino, de 20 anos, fugiu da Unei (Unidade Educacional de Internação), em Ponta Porã.

Provavelmente o Maníaco conseguiu fugir durante a madrugada, pela janela, utilizando cobertor e pedaço de madeira. Ele foi internado em outubro de 2008, após matar três pessoas consideradas “impuras” e deixar os corpos em formato de crucificação.

As mães das vítimas dizem que o sentimento é de medo, mas também de revolta com a falta de punição adequada ao jovem.

“O povo só fala nisso. É sentimento de medo e revolta porque a maioria acha que ele teve ajuda lá dentro (Unei) para fugir, porque nem era mais pra ele estar lá”, diz a mãe de uma das vítimas do Maníaco, mas que sobreviveu ao ataque.

Ele estava internado indevidamente desde outubro de 2011, quando deveria ter sido liberado do regime de internação após o prazo máximo de três anos estabelecido pelo ECA (Estatuto da Criança e Adolescente).

A Justiça determinou em março do ano passado a internação compulsória do rapaz em hospital psiquiátrico, mas o Estado alegou não ter local adequado para o tratamento e, com isso, manteve Dionathan na Unei.

A mãe, que não quer se identificar, defende que o adolescente fosse levado para a clínica de tratamento, já que “todo merece tratamento, uma chance”.

Mas sem o tratamento, ela não acredita na recuperação. “Se tivessem levado ele pra essa clínica poderia ter melhorado. Todo mundo merece um tratamento pra ver se ele tinha condições de viver na sociedade de novo. Mas desse jeito, sem saber como ele está, fica todo mundo em pânico”.

Já Cláudia Cardenas, de 61 anos, mãe da primeira vítima do Maníaco, o pedreiro Catalino Cardenas, que morreu aos 33 anos, não acredita em tratamento. “Ele não tem nada de doença. Não pode ficar solto”, diz.

Cláudia defende que Maníaco não deveria ser solto. (Foto: Arquivo)
Cláudia defende que Maníaco não deveria ser solto. (Foto: Arquivo)

Medo – Em 2011, quando o jovem deveria ter sido solto, a possibilidade de ver o Maníaco nas ruas novamente já causava indignação nos moradores de Rio Brilhante e nos familiares das vítimas.

Agora, a mãe da vítima que sobreviveu diz que todo mundo na cidade de Rio Brilhante só fala na fuga do Maníaco. “Fica todo mundo em pânico, sem saber como ele vai agir em liberdade”, diz.

Ela diz que a família vai tentar continuar com a rotina normal e não acredita que o rapaz volta para a cidade. “Mesmo que a gente ache que não tem perigo, o povo não deixa esquecer, fica falando pra gente”, diz.

Sobre o paradeiro do jovem, as opiniões são variadas e ainda não existe uma informação concreta. A Polícia no Estado e na fronteira do Paraguai está em alerta. A mãe do Maníaco tinha se mudado para Dourados em 2011, mas segundo os moradores, retornou para Rio Brilhante há alguns meses.

“Com certeza ele vai voltar para cá. A família mora aqui”, diz Cláudia. Já a outra mãe acredita que ele não deve voltar para a antiga cidade.

Cláudia diz que teme pelo restante dos familiares, que está em “alerta, principalmente com os jovens que precisam voltar da escola à noite. “Durante o dia não tem perigo, é a noite que tem mais perigo”, frisa.

Na época da sua prisão, o jovem teria dito que pretendia continuar matando, a exemplo do Maníaco do Parque, que estuprou e matou pelo menos seis mulheres e tentou assassinar outras nove em 1998, em São Paulo.

Crimes – Os assassinatos aconteceram em 2008. No dia 2 de julho, o Maníaco matou o pedreiro Catalino Cardenas, de 33 anos; no dia 24 de agosto, a vítima foi a frentista Letícia Neves de Oliveira, de 22 anos; e 6 de outubro, a última morte: a estudante Gleice Kelly da Silva, de 13 anos.

O Maníaco utilizava luvas cirúrgicas para cometer os crimes. Ele estrangulava as vítimas e terminava de matá-las com faca, arma com a qual ele escreveu INRI (Jesus Nazareno Rei dos Judeus) no peito do primeiro alvo.

O adolescente disse que escolhia as vítimas aleatoriamente e decidia se elas mereciam morrer após “julgá-las” como puras ou impuras, mediante questionamentos sobre valores morais, fé e sexualidade.

No quarto do adolescente foram encontrados pôsteres do Maníaco do Parque e de um diabo.Havia também revistas pornográficas, CDs, um envelope de cor azul, dentro do qual havia um papel com nome das vítimas, escrito em vermelho, três jornais com reportagens sobre os assassinatos e pertences das vítimas – como roupas e celulares.

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