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Interior

Em audiência de custódia à tarde, defesa tenta livrar fazendeiros da prisão

Quatro proprietários de fazendas em Caarapó devem ser levados hoje para o presídio; quinto acusado não foi localizado pela PF

Helio de Freitas, de Dourados | 19/08/2016 09:13

A defesa dos fazendeiros presos ontem (18) por ordem da Justiça Federal acusados pelo ataque armado contra índios em Caarapó, a 283 km Campo Grande, no dia 14 de junho deste ano, devem ser levados ainda hoje para a penitenciária de segurança máxima de Dourados.

Jesus Camacho, Virgílio Mettifogo, Nelson Buainain Filho e Eduardo Yoshio Tomonaga, o “Japonês”, passaram a noite em uma cela improvisada na delegacia da Polícia Federal em Dourados, para onde foram levados depois de serem presos ontem de manhã, a pedido do MPF (Ministério Público Federal).

O mandado de prisão tinha sido expedido no dia 5 de julho pelo juiz da 2ª Vara Federal em Dourados, Leandro André Tamura, mas só foi cumprido ontem. O MPF culpou a Polícia Federal pela demora.

A Superintendência da PF em MS rebateu a crítica apontando falta de bom senso em pedir as prisões sem informações básicas sobre os locais em que os mandados seriam cumpridos.

Vai se apresentar – O fazendeiro Dionei Guedin, que também teve a prisão preventiva decretada, não foi encontrado pela PF porque estaria viajando. Existe possibilidade dele se apresentar hoje.

Felipe Cazuo Azuma, advogado de Jesus Camacho, Virgílio Mettifogo e Eduardo Tomonaga, disse hoje ao Campo Grande News que entrou com pedido de revogação da prisão preventiva na Justiça Federal em Dourados.

“Possivelmente hoje haverá uma audiência de custódia. Se houver, vou pedir a revogação também”, informou ele.

Dionei Guedin e seu funcionário, identificado como Paulo Sérgio, que não aparece entre os acusados pelo ataque aos índios, mas foi preso pela Polícia Federal por posse ilegal de armas encontradas em sua casa, têm com o advogado outro criminalista de Dourados, Maurício Rasslan. Nelson Buainain Filho contratou um escritório da Capital para fazer sua defesa.

As prisões – De acordo com a assessoria do MPF, a prisão dos ruralistas faz parte da força-tarefa “Avá Guarani”, desencadeada para investigar o ataque armado que resultou em seis índios feridos a tiros e na morte do agente de saúde indígena Clodioude Aquileu Rodrigues de Souza, 26, alvejado por disparos na barriga e no peito.

“De acordo com as investigações, os fazendeiros teriam envolvimento direto com o ataque e podem incorrer nos crimes de formação de milícia privada, homicídio, lesão corporal, constrangimento ilegal e dano qualificado”, afirma o MPF.

Para o Ministério Público Federal, as prisões visam garantir a ordem pública e objetiva evitar novos casos de violência às comunidades indígenas da região – “que já sofreram novo ataque, em 11 de julho, o qual deixou outros três índios feridos, dois deles, adolescentes”.

O ataque aos índios ocorreu no dia 14 de junho, dois dias depois da invasão da fazenda Yvu. Em julho, a Justiça Federal determinou a reintegração de posse da fazenda. A Funai recorreu ao Tribunal Regional Federal, mas o TRF manteve a reintegração. Outras dez propriedades estão ocupadas pelos índios em Caarapó.

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