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Interior

PF responde crítica do MPF e diz que teve cautela sobre mandados de prisão

Ministério Público reclamou que demora de 40 dias para cumprir mandados de prisão permitiu outro ataque, em julho

Helio de Freitas, de Dourados | 18/08/2016 13:41

Em “nota de esclarecimento” divulgada no início da tarde desta quinta-feira (18), a Polícia Federal rebateu as críticas do Ministério Público Federal à demora de 40 dias para cumprimento dos mandados de prisão preventiva de fazendeiros acusados de atacar índios no município de Caarapó, em junho deste ano. Segundo o MPF, a lentidão permitiu que outro ataque ocorresse em julho.

A Superintendência da PF negou que tenha ocorrido qualquer atraso injustificado para o cumprimento das decisões judiciais e alega ter agido com cautela.

Em resposta, apontou falta de bom senso em pedir as prisões sem informações básicas sobre os locais em que os mandados seriam cumpridos e disse que a crítica “causa espécie”, pois o MPF participou da investigação, acompanhando as diligências realizadas pela Polícia Federal.

“O prazo utilizado para o cumprimento das ordens judiciais foi o estritamente necessário para que fosse efetuado um levantamento prévio de todos os locais que seriam alvos de intervenção e obtidos os recursos materiais e de pessoal especializado para atuar na situação, recrutando vários policiais de outras delegacias da PF”, afirma a nota da Superintendência.

Sem informação – De acordo com a PF, os mandados de busca e apreensão e de prisão preventiva chegaram sem qualquer tipo de informação acerca dos locais para cumprimento. “É uma questão que passa da técnica policial, entrando na seara do bom senso, pois são absolutamente necessários levantamentos velados para verificar as formas de acesso, a periculosidade dos alvos, a possibilidade de haver armas nos locais, dentre outros fatores”.

De acordo com a Polícia Federal, diversos imóveis em que foram feitas buscas e apreensões hoje de manhã não possuíam nem mesmo localizações exatas, “sendo que alguns deles foram palcos de confrontos recentes, inclusive onde ocorreu a tortura de policiais militares, posse de armas de fogo, sequestro e cárcere privado de diversas pessoas”.

“O acerto técnico da Polícia Federal em agir com a devida cautela e planejamento nas operações foi mais uma vez comprovado pelo fato da ação ter sido realizada sem qualquer incidente”, afirma a nota.

Equipe na área há 2 meses – A PF também respondeu à crítica do MPF de que existe “falta de priorização” da questão indígena pelo Executivo em todo o país, já que demorou 40 dias para os mandados serem cumpridos, mesmo o caso envolvendo uma morte e várias pessoas feridas a tiros.

“Além da investigação em andamento, foi encaminhada para Mato Grosso do Sul, imediatamente após o conflito, permanecendo até hoje na região, uma equipe da Polícia Federal sediada em Brasília, especializada em questões indígenas, a qual realiza constantes tratativas com integrantes da Funai, lideranças indígenas, produtores rurais e o próprio MPF, para manter a paz e estabilidade social na região do conflito”, diz a Superintendência.

A PF encerra a nota prometendo manter a imparcialidade e atuando e todos os casos de conflito na região de Caarapó. “As investigações da Polícia Federal continuarão com prioridade e imparcialidade, buscando identificar todos os envolvidos no conflito ocorrido e também no ataque e tortura aos policiais militares, apresentando-os ao Poder Judiciário”.

No dia em que os índios foram atacados na fazenda Yvu, um grupo de moradores da aldeia Tey Kuê dominou três policiais militares que estavam na área e atearam fogo na viatura. As armas dos policiais foram levadas e eles agredidos. Duas armas foram devolvidas dois dia depois.

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