ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no X Campo Grande News no Instagram
NOVEMBRO, SEXTA  22    CAMPO GRANDE 32º

Interior

Ministro mantém Força Nacional por mais 30 dias em área de confronto

Prazo de permanência da tropa em Caarapó terminou no dia 23, mas foi prorrogado a pedido do governador Reinaldo Azambuja; PF ainda investiga dois ataques a índios que invadiram três fazendas

Helio de Freitas, de Dourados | 28/07/2016 09:17
Força Nacional vai permanecer até dia 23 de agosto em Caarapó (Foto: Helio de Freitas)
Força Nacional vai permanecer até dia 23 de agosto em Caarapó (Foto: Helio de Freitas)

O Ministério da Justiça prorrogou por mais 30 dias a permanência da Força Nacional de Segurança Pública em Mato Grosso do Sul. A decisão do ministro Alexandre de Moraes mantém a tropa até 23 de agosto no município de Caarapó, a 283 km de Campo Grande, onde os agentes apoiam as atividades da Polícia Militar na área de confronto entre índios e fazendeiros.

A permanência da Força Nacional, solicitada no dia 14 deste mês pelo governador Reinaldo Azambuja (PSDB), foi publicada hoje (28) no Diário Oficial da União e prorroga por mais um mês a portaria 652, de 23 de junho de 2016, que determinou a atuação da Força Nacional na área indígena Tey Kuê, onde ocorreram dois ataques a índios nos últimos 45 dias.

O comandante da Polícia Militar em Dourados, tenente-coronel Carlos Silva, disse que a situação na área ocupada pelos índios ainda é de muita tensão.

O primeiro ataque ocorreu no dia 14 de junho, quando sete índios foram feridos a tiros durante a ocupação da fazenda Yvu. O agente de saúde indígena Clodiodi de Souza, 26, morreu no local e os demais ainda se recuperam dos ferimentos.

Jesus de Souza, 29, irmão de Clodiodi, ficou 31 dias internado em hospitais de Dourados, onde foi submetido a duas cirurgias, e teve alta no dia 15 deste mês.

No mesmo dia do ataque, os índios incendiaram uma viatura da Polícia Militar e agrediram três soldados que faziam policiamento na área de conflito. Três pistolas e coletes foram levados. Duas armas foram devolvidas no dia seguinte, mas uma permaneceu em poder dos índios.

Índios não querem a PM – A Força Nacional chegou às terras ocupadas dois dias após o confronto e lá permanece até agora, trabalhando em conjunto com equipes da Polícia Militar. Líderes indígenas criticam a presença da PM na área e cobram mais participação da Polícia Federal. Eles acusam policiais civis e militares de “ficarem do lado” dos fazendeiros.

Na noite de 11 de julho, ocorreu outro ataque a tiros, dessa vez contra índios que ocupam a fazenda Santa Maria. Dois adolescentes de 15 e 17 anos e um homem de 32 foram atingidos nos braços e nas pernas.

A Polícia Federal e o MPF (Ministério Público Federal) investigam os dois ataques, mas até agora não há informações sobre os autores dos tiros. No início deste mês, o delegado que conduz as investigações, Marcel Maranhão, disse que o caso está sob segredo de justiça.

Reintegração – No dia 6 deste mês, o juiz da 2ª Vara Federal em Dourados, Janio Roberto dos Santos, concedeu liminar de reintegração de posse da fazenda Yvu e deu prazo de 20 dias úteis para a Funai cumprir a desocupação de forma pacífica. O prazo termina terça-feira, dia 2 de agosto.

A reintegração foi solicitada pela proprietária da área, Silvana Raquel Cerqueira Amado Buainan. Além da Yvu, os índios ocupam as fazendas Novilho e Santa Maria e oito sítios menores, todos nos arredores da aldeia Tey Kuê.

A Funai recorreu ao TRF (Tribunal Regional Federal), em São Paulo, para derrubar a liminar. “A Fundação vai adotar as providências jurídicas e administrativas cabíveis para a garantia dos direitos da comunidade indígena”, informou o órgão federal.

O agravo de instrumento impetrado pela Funai está sendo analisado pelo desembargador federal Wilson Zauhy, da primeira turma do TRF.

Nos siga no Google Notícias