Decretado sigilo em investigação sobre ataque que matou um e deixou 6 feridos
Sobrevivente de confronto continua internado se recuperando de cirurgia, mas suspeita de tuberculose foi descartada
A Justiça Federal decretou sigilo nas investigações sobre o ataque de fazendeiros e seguranças aos índios que ocuparam a fazenda Yvu, no município de Caarapó, a 283 km de Campo Grande, no dia 14 de junho deste ano. O agente de saúde indígena Clodiodi Souza, 26, foi morto e outros seis índios ficaram feridos a tiros. Não há registro de vítimas do lado dos fazendeiros.
O delegado da Polícia Federal Marcel Maranhão, responsável pelo inquérito instaurado para apurar o ataque aos índios, disse hoje (4) ao Campo Grande News que só poderá falar sobre o trabalho após a conclusão das investigações.
A PF atua no caso desde o dia seguinte ao ataque, com reforço de agentes do COT (Comando de Operações Táticas). Homens da Força Nacional de Segurança Pública também estão no local. Os índios ocupam três fazendas e pelo menos oito sítios menores, todos nos arredores da aldeia Tey kuê.
Ainda internado – Jesus de Souza, 29, irmão de Clodiodi e também ferido a tiros no ataque do dia 14, permanece internado no HU (Hospital Universitário) de Dourados, para onde foi transferido há uma semana do Hospital da Vida, onde passou por duas cirurgias.
De acordo com a assessoria do HU, o paciente apresenta melhora a cada dia. Ele está estável e internado na enfermaria, se recuperando do procedimento cirúrgico.
A suspeita de tuberculose foi descartada na quinta-feira (30) através de exames, por isso Jesus de Souza não está mais em leito de isolamento.
Alunos sem aula – As crianças indígenas da Tey Kuê estão há três semanas sem ir às três escolas existentes na aldeia. As aulas foram suspensas por causa do ataque.
Nesta segunda, o prefeito de Caarapó, Mário Valério (PSDB), disse que reuniões estão sendo feitas entre lideranças da aldeia e dos produtores rurais para tentar retomar a rotina no município, principalmente a volta dos estudantes à escola.
Segundo ele, a situação é menos tensa 20 dias após as ocupações que levaram ao ataque dos fazendeiros, mas o clima ainda é de apreensão.
Um representante dos proprietários da fazenda Yvu, onde o corpo de Clodiodi foi enterrado, disse hoje à reportagem que a reintegração de posse da área foi solicitada à Justiça Federal, mas até agora não houve manifestação.