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Interior

Cimi diz que sobrevivente de ataque sofreu emboscada, mas PM nega

Conselho indigenista ligado à igreja católica publicou em sua página na internet que homens armados procuraram vítima de madrugada

Helio de Freitas, de Dourados | 29/06/2016 15:59
Índios que ocupam fazendas no município de Caarapó (Foto: Helio de Freitas)
Índios que ocupam fazendas no município de Caarapó (Foto: Helio de Freitas)

Um dos seis índios feridos durante o ataque de seguranças e fazendeiros ocorrido na manhã de 14 de junho em Caarapó, município a 283 km de Campo Grande, teria sofrido uma nova emboscada na noite de domingo (26), afirma o Cimi (Conselho Indigenista Missionário) em texto publicado hoje (29) em sua página na internet. O agente de saúde indígena Clodiodi de Souza, 26, morreu durante o confronto.

De acordo com o Cimi, menos de 48 horas depois de deixar o Hospital da Vida, em Dourados, onde estava internado para se recuperar dos ferimentos provocados no ataque do dia 14, “Simão Guarani-Kaiowá sofreu emboscada durante a noite de domingo, na casa que divide com a esposa e uma filha na Reserva Tey Kuê”.

Entretanto, o nome da suposta vítima informada pelo Cimi não consta da lista de pacientes feridos em Caarapó atendidos no hospital de Dourados, onde ficaram internados Norivaldo Mendes, 37, Josiel Benites, 12, Valdilho Garcia, 26, Libésio Marques, 43, e Jesus de Souza, 29.

Os quatro primeiros receberam alta na semana passada e Jesus foi transferido para o HU (Hospital Universitário) de Dourados, onde permanece internado com suspeita de tuberculose.

“Antevendo as intenções dos indivíduos não identificados que se aproximavam da moradia, Simão mandou que a mulher fugisse com a filha e ele danou-se pela plantação de mandioca da família em busca de um esconderijo. O indígena não conseguiu fugir para mais longe porque ainda se recupera dos tiros que o alvejaram no abdômen e no tórax durante a invasão de fazendeiros no último dia 14 à retomada Yvu”, afirma o Cimi.

Conforme o conselho, que já foi alvo de uma CPI da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul acusado de incitar as invasões de terra, pelo menos três indivíduos com lanternas e encapuzados teriam vasculhado a casa, mas não procuraram pelo guarani-kaiowá nas imediações, onde “Simão” se embrenhou para escapar da emboscada.

“Na fuga, a filha de Simão caiu e bateu a cabeça, mas sem gravidade – o indígena, a mulher e a criança passam bem. A Força Nacional, enviada ao município de Caarapó depois do massacre, se retirou da aldeia horas antes da emboscada – o contingente policial não tem ficado à noite na terra indígena”, diz a publicação do Cimi.

PM desconhece – O comandante do 3º Batalhão da Polícia Militar em Dourados, tenente-coronel Carlos Silva, disse nesta tarde ao Campo Grande News que desconhece a suposta emboscada a um dos sobreviventes do ataque do dia 14.

“Para as nossas equipes e para a Força Nacional que estão na área não chegou nada disso”, afirmou.

Os índios continuam ocupando a fazenda Yvu, onde houve o confronto, e mais dez propriedades – as fazendas Novilho e Santa Maria e pelo menos oito sítios menores, todos nos arredores da reserva.

Eles reivindicam a demarcação de uma área de 30 mil hectares, incluída no Relatório Circunstanciado de Identificação e Delimitação da Terra Indígena Dourados Amambaipeguá I. O relatório foi publicado dia 13 de maio e leva em conta uma área total de 55.590 hectares localizada em Amambai, Caarapó e Laguna Carapã.

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