PF diz que investigação sobre ataque a índios “segue em ritmo acelerado”
Com apoio de grupo de elite, delegado federal conduz investigações sobre confronto que terminou com um índio morto e seis feridos
Equipes da Polícia Federal continuam no município de Caarapó, a 283 km de Campo Grande, coletando depoimentos e levantando provas sobre o ataque de seguranças e fazendeiros a índios guarani-kaiowá, na manhã do dia 14 deste mês na fazenda Yvu, arredores da aldeia Tey Kuê. Seis índios ficaram feridos a tiros e o agente de saúde indígena Clodiodi Aquileu Rodrigues de Souza, 26, morreu após ser baleado durante o confronto.
As investigações começaram na quarta-feira passada e foram reforçadas no fim de semana com a chegada de 20 agentes do COT (Comando de Operações Táticas) da Polícia Federal. Homens da Força Nacional de Segurança Pública, enviados pelo Ministério da Justiça, e policiais militares de Mato Grosso do Sul também continuam na área.
“O que posso divulgar é que as investigações seguem em ritmo acelerado e a PF está comprometida em identificar todos os autores dos crimes cometidos”, limitou-se a afirmar ontem ao Campo Grande News o delegado Marcel Maranhão, da delegacia da Polícia Federal em Dourados e responsável pelas investigações.
Maranhão atua em Caarapó desde a semana passada e entre as ações já feitas na área de conflito estão buscas em propriedades rurais próximas à aldeia e em caminhonetes de fazendeiros e funcionários, em busca de armas. O resultado não foi informado.
Corpo de delito – Três dos seis índios feridos no ataque, que segundo os guarani-kaiowá foi liderado por produtores rurais vizinhos da aldeia e praticado por um grupo em pelo menos 70 caminhonetes, fizeram ontem exame de corpo de delito em Dourados, a 233 km de Campo Grande.
Um representante do Cimi (Conselho Indigenista Missionário) acompanhou o exame e informou que dois índios foram feridos com pelo menos 15 tiros de bala de borracha. Uma das vítimas está com três balas alojadas no corpo.
Apenas Jesus de Souza, 29, que teve de passar por uma nova cirurgia no domingo, permanece internado no Hospital da Vida, em Dourados. Os demais já tiveram alta.
Além da Yvu, onde ocorreu o confronto e onde o corpo de Clodiodi foi enterrado há uma semana, os índios ocupam outras duas fazendas e pelo menos oito sítios nos arredores da reserva de Caarapó.