Contra vontade de índios, Polícia Militar vai continuar em área de conflito
Reunião hoje de manhã com participação da Força Nacional definiu estratégia de policiamento para evitar novos conflitos
A Polícia Militar vai continuar atuando na reserva Tey Kuê e na fazenda onde ocorreu, há uma semana, o ataque de fazendeiros a índios guarani-kaiowá, no município de Caarapó, a 283 km de Campo Grande. A presença da PM na área de conflito desagrada aos índios, que apontam uma suposta interferência da força estadual de segurança em favor dos fazendeiros.
Na terça-feira passada, logo após o confronto que terminou com seis índios feridos e com a morte do agente de saúde indígena Clodiodi de Souza, 26, um grupo de índios atacou três policiais militares do batalhão de Caarapó. Os três foram espancados e perderam as armas. Duas foram recuperadas no dia seguinte. A viatura também foi queimada.
Várias lideranças da reserva e caciques que participaram da ocupação da fazenda Yvu, onde ocorreu o confronto, e de outras dez propriedades invadidas nos dias seguintes, afirmaram ao Campo Grande News na semana passada que a Polícia Militar deveria ficar longe da aldeia e deixar o policiamento a cargo da Força Nacional de Segurança Pública e da Polícia Federal.
“A Força Nacional e os policiais federais nos respeitam, eles sabem falar com a comunidade”, afirmou um dos líderes dos guarani-kaiowá, que se identificou apenas como Agripino.
Hoje (21), policiais militares e homens da Força Nacional que estão na região de conflito desde quinta-feira se reuniram com um representante do Sindicato Rural de Caarapó para traçar estratégias “e atender melhor todos os envolvidos no conflito”, como informou à reportagem um oficial presente ao encontro.
“Definimos inclusive como deverá ser operacionalizado o policiamento no local e estabelecemos a importância de se evitar novos conflitos e também novas invasões”, afirmou o policial.