Índios mantêm ocupações três semanas após conflito e morte
Juiz federal, procurador e políticos locais se reuniram com índios na semana passada, mas tentativa de acordo fracassou
Índios guarani-kaiowá mantêm há três semanas a ocupação das fazendas Yvu, Novilho e Santa Maria e de pelo menos oito sítios nos arredores da reserva Tey Kuê, no município de Caarapó, a 283 km de Campo Grande. Até agora fracassaram todas as tentativas de uma desocupação pacífica.
No dia 14 de junho, fazendeiros e seguranças atacaram o grupo que tinha entrado na Yvu. Seis índios ficaram feridos a tiros e o agente de saúde indígena Clodiodi de Souza, 26, morreu. Como retaliação, os índios queimaram lavouras de cana, um caminhão e uma viatura da Polícia Militar e ampliaram as ocupações para as outras áreas.
Reunião com juiz – Na sexta-feira passada, dia 1º de julho, houve uma audiência na Câmara de Caarapó, para tentar convencer as lideranças a saírem das fazendas. Mas o acordo não avançou e os índios recusaram a proposta.
Eles lutam pela demarcação de parte do território DouradosAmambaipeguá I, que engloba 65 mil hectares e atinge Caarapó, Amambai e Laguna Carapã. O relatório de identificação foi publicado no dia 13 de maio pela Funai.
O Campo Grande News apurou que a audiência de conciliação foi realizada na Câmara de Vereadores de Caarapó pelo juiz federal Leandro André Tamura.
Escoltados – Sob forte esquema de segurança da Polícia Federal e Polícia Militar, o juiz se reuniu por quase cinco horas com lideranças indígenas. O procurador da República Marco Antônio Delfino de Almeida, o delegado da Polícia Federal Luiz Carlos Ramos Filho e o prefeito Mário Valério (PSDB) participaram do encontro, que tentou a desocupação pelo menos das áreas menores, mas a proposta foi recusada.
Pessoas presentes à reunião contam que o juiz pediu aos índios que deixassem os sítios, pois os proprietários dependem dessas áreas para subsistência, mas não houve avanço.
Continua internado - Jesus de Souza, 29, irmão de Clodiodi e também ferido a tiros no ataque do dia 14, permanece internado no HU (Hospital Universitário) de Dourados. Ele foi transferido para o local há duas semanas após passar por cirurgia no Hospital da Vida.
De acordo com a assessoria do HU, o paciente apresenta melhora gradativa, mas ainda não tem data para receber alta. Houve suspeita de que ele estava com tuberculose, mas os exames descartaram a doença na semana passada.