Em carreata, fazendeiros e empresários protestam contra invasões indígenas
Município de Laguna Carapã está incluído no estudo “Dourados Amambaipeguá I” para identificação de 55,5 mil hectares como terras indígenas, publicado em maio pela Funai
Empresários e produtores rurais de Laguna Carapã, a 287 km de Campo Grande, protestam hoje (22) contra as invasões de terras por índios na região sul de Mato Grosso do Sul. O município foi incluído no relatório de identificação e delimitação da “Terra Indígena Dourados Amambaipeguá I”, publicado em maio deste ano pela Funai.
Às 15h, fazendeiros e comerciantes, liderados pelo Sindicato Rural e pela Associação Comercial e Empresarial de Laguna Carapã, saem em carreata de frente do ginásio municipal Agenor Nava. Em apoio ao movimento, o comércio da cidade de 6.900 habitantes vai fechar as portas das 15h às 16h desta sexta.
José da Silva, o Zezinho, presidente da associação comercial, disse que o ato de hoje será um repúdio às invasões de propriedade privadas por índios. “Essa questão tende a se alastrar para a cidade, ameaçando o comércio e o emprego, por esse motivo a Acelc tomou essa iniciativa”.
“As invasões de terra não afetam somente o campo e os produtores rurais, mas também afetam diretamente as cidades, pois tendem a diminuir a arrecadação dos município, diminuir emprego e renda e consequentemente a economia local. Temos que todos nos unir para que essa situação se resolva”, afirmou o presidente do Sindicato Rural de Laguna Carapã, João Firmino Neto.
Estudo da Funai – Para a Fundação Nacional do Índio, a “TI Dourados Amambaipeguá I” está localizada nos municípios de Caarapó, Laguna Carapã e Amambai. Possui 55.590 hectares e é “tradicionalmente ocupada pelo povo guarani-kaiowá”.
Conforme o Sindicato Rural de Laguna Carapã, são pelo menos cem propriedades rurais afetadas pelo estudo da Funai que poderão ser demarcadas como área indígena.
Segundo a Funai, o procedimento de identificação e delimitação da terra foi feito no âmbito do Compromisso de Ajustamento de Conduta firmado em 12 de novembro de 2007, entre a fundação e o Ministério Público Federal.
Em junho, um mês após a publicação do estudo, índios da aldeia Tey Kuê, em Caarapó, ocuparam a fazenda Yvu. Dois dias após a invasão, fazendeiros e seguranças atacaram os índios a tiros. Seis ficaram feridos e o agente de saúde indígena Clodiodi de Souza, 26, morreu.
Em retaliação, os índios ocuparam também as fazendas Novilho e Santa Maria e oito sítios nos arredores da aldeia. No dia 6 deste mês, o juiz da 2ª Vara Federal em Dourados, Janio Roberto dos Santos, concedeu liminar de reintegração de posse da fazenda Yvu. A Funai tem até o dia 3 de agosto para cumprir a desocupação de forma pacífica.