Em três dias, HU nega internação a 18 pacientes e cancela 8 cirurgias
Medida foi adotada na semana passada e hospital cobra R$ 2,2 milhões atrasados desde janeiro; prefeitura contesta atraso
Desde sexta-feira (9), quando começou a vigorar a medida anunciada pela direção de limitar atendimentos por falta de dinheiro, 18 internações de pacientes adultos foram negadas no HU (Hospital Universitário) de Dourados. Nesta segunda-feira (12) a unidade suspendeu também as cirurgias eletivas e oito procedimentos deixaram de ser feitos no primeiro dia.
Em nota enviada pela assessoria de comunicação, o hospital informou ao Campo Grande News que das oito cirurgias que deixaram de ser feitas hoje, uma era na área de ginecologia e obstetrícia, uma em cirurgia geral, duas em pediatria, uma em otorrinolaringologia e três pequenas cirurgias.
Conforme o hospital, na sexta-feira (9) foi detectado um repasse de R$ 470,1 mil, que ainda não está disponível. “A gestão do HU-UFGD reitera que, tão logo haja o repasse e liberação dos valores em atraso, o pagamento aos fornecedores e a consequente retomada do fornecimento dos insumos, retornará à normalidade da oferta dos serviços”, informou a assessoria.
Na quinta-feira (8), o hospital – ligado à UFGD (Universidade Federal da Grande Dourados) e filial da Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares) – informou que está sem dinheiro para comprar insumos e até alimentos servidos aos pacientes.
“A decisão foi tomada em virtude da grave crise financeira que o HU-UFGD enfrenta, devido à falta de repasse, desde janeiro de 2017, das parcelas estadual e municipal do contrato do hospital com o SUS”, informou o hospital, em nota.
O secretário municipal de Saúde, Renato Vidigal, contestou o atraso e prometeu recorrer ao Ministério Público contra a medida. Na sexta, o hospital reagiu e divulgou informações do próprio portal da transparência da prefeitura, mostrando o valor empenhado e não liberado.
No mesmo dia, Vidigal disse que o HU está “procurando confundir a opinião pública” ao afirmar que o município não cumpre com os repasses. Afirmou que 88% dos repasses são feitos de forma direta ao hospital, ou seja, o Ministério da Saúde abate do repasse ao município e deposita direto na conta do HU.
Câmara – Já a Comissão de Higiene e Saúde da Câmara de Vereadores considerou a situação “inaceitável” e cobrou providências.
“É inaceitável que o município do porte de Dourados tenha uma demanda reprimida dessa especialidade durante esses primeiros cinco meses de gestão e ainda não tenha conseguido apresentar alguma solução”, afirmou o presidente da comissão Pedro Pepa (DEM).
Na tarde de hoje haverá uma reunião no Ministério Público Federal para discutir a suspensão de atendimentos no Hospital Universitário de Dourados.